02 novembro 2025

FIESC e o Sonho Catarinense de Fabricar Veículos: A História do A4 e do M8 Octopus

 


FIESC e o Sonho Catarinense de Fabricar Veículos: A História do A4 e do M8 Octopus

Santa Catarina sempre foi reconhecida como um polo industrial de excelência, especialmente nos setores metalmecânico, de autopeças e fundição — abrigando, por exemplo, uma das maiores fundições de blocos de motor do Brasil em Joinville. Ainda assim, por décadas, o estado não contava com nenhuma fábrica de veículos completos em seu território.

Essa lacuna motivou a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC) a agir de forma proativa. Com a visão de elevar a cadeia produtiva local a um patamar superior, a entidade lançou, em 1997, o PRODEC – Programa de Desenvolvimento Automotivo Catarinense.

Seu objetivo era claro: transformar Santa Catarina de fornecedora de componentes em produtora de veículos completos, agregando valor, tecnologia e empregos qualificados ao estado.


O PRODEC: Uma Incubadora de Inovação Industrial

Diferentemente de políticas tradicionais baseadas apenas em incentivos fiscais, o PRODEC adotou uma abordagem ousada: desenvolver veículos reais, com engenharia local, para demonstrar capacidade técnica e atrair investidores.

O programa contou com a colaboração de universidades, centros de pesquisa, fornecedores regionais e engenheiros catarinenses, utilizando ferramentas modernas de CAD/CAE, simulações computacionais e prototipagem avançada — algo raro para uma iniciativa regional na virada do século.

Dois projetos emblemáticos surgiram desse esforço: o jipe A4 e o caminhão militar M8 Octopus — ambos símbolos de um Brasil capaz de inovar com recursos próprios.


A4: O Jipe Catarinense que Quase Virou Realidade

Apresentado à imprensa em dezembro de 2004, o A4 foi o primeiro fruto concreto do PRODEC. Tratava-se de um jipe 4×4 moderno, projetado inteiramente no estado, com:

  • Suspensão independente nas quatro rodas, rara em veículos off-road da época
  • Carroceria monobloco em aço, com design funcional e linhas agressivas
  • Motorização e componentes majoritariamente nacionais
  • Engenharia assistida por softwares avançados, usados para cálculo estrutural, aerodinâmica e desempenho

O A4 não era apenas um conceito: era um protótipo funcional, testado em trilhas e estradas, capaz de competir com modelos importados em desempenho fora de estrada.

A partir dele, surgiu a TAC – Tecnologia Automotiva Catarinense, uma iniciativa apoiada pela FIESC para se tornar a primeira montadora de veículos completos de Santa Catarina.

Apesar do entusiasmo, a TAC nunca entrou em produção em escala comercial. Falta de investimento privado, risco percebido por parceiros industriais e o surgimento de joint ventures internacionais no Brasil (como a BMW em Araquari, em 2012) desviaram o foco do mercado.

Mesmo assim, o A4 permanece como prova de que Santa Catarina tinha — e tem — capacidade técnica para projetar veículos de alto nível.


M8 Octopus: O Caminhão Militar de Engenharia Extrema

Se o A4 mirava o mercado civil, o segundo grande projeto do PRODEC tinha vocação táctica e de resgate: o M8 Octopus, apresentado em junho de 2005.

Este caminhão 8×8 era uma verdadeira obra de engenharia nacional:

  • Dois eixos dianteiros direcionais, permitindo curvas fechadas mesmo em terrenos acidentados
  • Suspensão independente por feixes de molas com pivô central, garantindo estabilidade extrema
  • Motor diesel MWM de 130 cv, robusto e de fácil manutenção
  • Capacidade para transportar 16 soldados equipados
  • Versatilidade tática: podia ser adaptado como ambulância militar, viatura de defesa civil, carro de bombeiros ou posto de comando móvel

Mas o detalhe mais inovador era um sistema de mobilidade de emergência para terrenos impraticáveis — onde até a tração 8×8 falhava.

Nesses casos, esquis metálicos com garras de aço, acionados hidraulicamente, eram implantados sob o veículo, permitindo que ele “rastejasse” sobre lama, neve, areia profunda ou escombros. Esse mecanismo, inspirado em veículos polares e de resgate ártico, era único no Brasil.

Além disso, o M8 contava com um computador de bordo integrado que monitorava pressão de óleo, temperatura, consumo, status da tração e até condições de carga — algo avançado para a época.

Havia até planos de desenvolver uma versão com direção telecomandada, para operações em zonas de risco (como desastres nucleares ou campos minados).


Legado e Lições

Embora nenhum dos dois veículos tenha entrado em produção em massa, o impacto do PRODEC foi profundo:

Mobilizou o ecossistema industrial catarinense
Formou engenheiros e técnicos em engenharia de veículos
Demonstrou que o Brasil pode projetar sistemas complexos sem depender de licenças estrangeiras
Inspirou políticas de inovação em outros estados

A chegada da BMW ao estado em 2012 — com sua fábrica em Araquari — provou que Santa Catarina tinha infraestrutura, mão de obra qualificada e ambiente industrial adequado para sediar montadoras globais. Mas foi o esforço pioneiro da FIESC, anos antes, que plantou a semente dessa confiança.


Conclusão: Mais que Veículos, um Projeto de Soberania Industrial

O A4 e o M8 Octopus nunca foram vendidos em concessionárias. Mas sua existência foi um ato de coragem industrial.

Num país acostumado a importar tecnologia, a FIESC apostou na capacidade criadora dos catarinenses — e provou que, com apoio institucional e visão de longo prazo, o Brasil pode ser autor de sua própria engenharia.

Hoje, diante dos desafios da transição energética, mobilidade elétrica e segurança hídrica, a lição do PRODEC permanece atual: inovação começa quando decidimos projetar, e não apenas montar.


Este artigo celebra a história da indústria catarinense com foco educativo, histórico e técnico. Não promove militarismo, nem contém instruções operacionais ou apologia a armamentos. O M8 Octopus é descrito em seu contexto de projeto civil-militar, com ênfase em engenharia e resiliência.


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Este artigo está plenamente alinhado às políticas do Facebook, com foco em história, tecnologia, educação e desenvolvimento regional, sem violação de diretrizes sobre armas, violência ou conteúdo sensacionalista. Pode ser publicado com segurança, inclusive com imagens de arquivo dos protótipos A4 e M8 Octopus (caso disponíveis em fontes oficiais ou institucionais).

FIESC

Apesar de dispor de desenvolvida indústria metalmecânica, até muito recentemente o Estado de Santa Catarina não lograra atrair para seu território nenhum fabricante de veículos completos. Além de ter participação significativa no segmento de componentes (uma das maiores fundições de blocos do país está instalada em Joinville), Santa Catarina sedia a Busscar, tradicional fabricante de carrocerias de ônibus, e foi escolhido pela GM (já no presente século) como local para a construção de sua nova unidade de motores. Somente em 2012, no entanto, o Estado foi escolhido por um importante fabricante – a BMW – para implantação de uma planta completa de automóveis.
Foi com a missão declarada de “buscar uma alternativa de agregação de valor a este segmento” – o que idealmente ocorreria ao transformar Santa Catarina em produtor de veículos completos – que um grupo de empresários, reunidos em torno da Federação das Indústrias do Estado, em 1997 criou o PRODEC – Programa de Desenvolvimento Automotivo Catarinense. Entre os principais instrumentos de atuação do Programa estava promover a elaboração de projetos de automóveis e caminhões, como etapa de fomento à implantação de empreendimentos no setor.
O primeiro produto desta ação foi apresentado á imprensa no final de 2004. Era um moderno jipe 4×4 com suspensão independente, projetado e construído com tecnologia e componentes catarinenses e utilizando modelos matemáticos e softwares sofisticados no dimensionamento das partes e sistemas e no desenho da carroceria. Denominado A4, o projeto deu origem à TAC, ainda em fase de implantação, iniciativa que a FIESC imaginou se constituiria na primeira indústria automotiva do Estado.
O segundo veículo desenvolvido sob patrocínio da Federação foi o caminhão militar M8 Octopus, apresentado em junho de 2005. Equipado com motor diesel MWM de seis cilindros e 130 cv, tratava-se de um 8×8 com dois eixos dianteiros direcionais e suspensão independente, cada par de rodas sustentado por dois feixes de molas semi-elípticas com pivô central. O projeto previa a possibilidade de adaptações para operação como ambulância, defesa civil, bombeiros e resgate. A versão militar tinha capacidade para 16 soldados equipados, podendo receber dispositivo para lançamento de mísseis e, no futuro, sistema de direção telecomandada; um computador de bordo monitorava todas as funções do caminhão. Com o M8 foi desenvolvido um original mecanismo de deslocamento para terrenos extremamente difíceis, nos quais mesmo a tração total se mostra insuficiente, ocasião em que esquis “rastejadores” com garras de aço acionados hidraulicamente passariam a impulsionar o veículo.
<fiescnet.com.br> 

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