04 dezembro 2016

L-2014 6X2

1987 lançado o L-2014 6X2 sucessor do L-2013.
Nesse período o Brasil passava por uma turbulenta crise econômica. O governo do então presidente José Sarney se mostrava incompetente no controle do processo inflacionário que na época ultrapassava à casa dos dois dígitos.
Presidente da república José Sarney. Foi o 31º presidente do Brasil entre os anos 1985 a 1990
Entre fevereiro de 1986 a janeiro de 1989 o país teve 5 planos econômicos, todos fracassados.
A capa da revista O Carreteiro, nº 152 de dezembro de 1986, retratava muito bem o cenário de incerteza econômica pelo qual o país passava
- Plano Cruzado: Fevereiro de 1986 foi implantado o plano de estabilização econômica, com objetivo de acabar com a inflação. Seu principal remédio era o congelamento dos preços, com isso a lista dos produtos era tabelada e o governo tinha pronta atuação contra as remarcações de preços, de forma que a inflação não tinha com fugir do controle.

Congelamento dos preços
Com o congelamento dos preços houve explosão no consumo e desequilíbrio entre a oferta e procura motivo do fracasso do Plano Cruzado.

O povo brasileiro era estimulado a ser fiscal do governo contra a remarcação dos preços

- Plano Cruzado II: Lançado em novembro de 1986 tinha como diretrizes a liberação dos preços de alguns produtos congelados; elevação de 80% no preço dos automóveis; aumento das tarifas de energia elétrica, telefone e correio; e aumento de impostos sobre cigarros e bebidas.
Remarcação dos preços
O fracasso do Cruzado II veio logo nos primeiros meses de 1987. A inflação saltou de 6,37% em agosto de 1986, para 14,4%, em maio de 1987. Com isso houve pressão sobre os salários, complicando ainda mais o quadro econômico.
Inflação
- Plano Bresser: Implantado em julho de 1987, quando a inflação atingiu a cifra recorde de 26% ao mês. Mais uma vez o remédio adotado contra a inflação foi o congelamento de preços por dois meses; aumento das tarifas e impostos; e extinção do gatilho salarial. Não obstante, também fracassa e em dezembro de 1987 a inflação retorna a casa dos dois dígitos a 14,14% ao mês.
Plano Bresser
- Política do “arroz-com-feijão”: O fracasso dos planos econômicos parecia ter conferido maior prudência ao governo Sarney em relação a novos choques econômicos. Ao longo de 88 foi implantada uma política pacata, sem grandes choques, que, por isso, ficou conhecida como “arroz-com-feijão”. Com uma visão do econômico para o social, tinha por objetivo alavancar o social através do crescimento econômico baseado na abertura da economia para o mercado externo, na privatização de empresas estatais e nos cortes dos gastos públicos.
Política do “arroz-com-feijão”
Essa política atendia plenamente a cartilha do FMI e serviu como declaração de intenções para facilitar as negociações com os credores internacionais. Contudo, no final de 1988, a inflação atingia 30%, ao mês; O senário era de corrosão salarial e declínio da produção e do consumo.
- Plano Verão: Nasce em 15 de janeiro de 1989, cria o “cruzado novo”, com o corte de três zeros do cruzado velho.
Tal plano restabeleceu o congelamento de preços, enquanto o governo prometia cortar gastos públicos.
Plano Verão
Outra vez a inflação escapa das rédeas do governo e atingia em dezembro de 1989, o índice de 53,55%, acumulando, no ano, a taxa astronômica de 1782,4%! No mesmo mês, a taxa de juros atingiu a estratosférica cifra de 80% ao mês; Ao mesmo tempo o prometido corte nos gastos públicos não era cumprido acarretando uma dívida de NCz$ 1.530.000.000.000,00 (um trilhão quinhentos e trinta bilhões de cruzados novos).

Dragão da inflação
Diante deste senário econômico a Mercedes-Benz do Brasil, com foco em sobreviver no mercado de caminhões, adota uma drástica medida:
Caminhão médio-pesado Mercedes-Benz L-2014 6X2(1987)
Então a partir de 1987, a montadora altera toda a nomenclatura de potência da sua linha de caminhões, subindo apenas um número, entretanto a potência dos propulsores continuava inalterada.
Por exemplo: O L-1113 passou para L-1114; o L-1313 foi para L-1314; o L-1513 para L-1514; o L-1517 foi para L-1518; e assim sucessivamente foi alterada toda linha brasileira de caminhões Mercedes-Benz do final da década de 80.
Foi assim também com médio-pesado L-2014 6X2, que tinha as mesmas especificações técnicas do seu antecessor, L-2013 6X2. Vale apena ratificar que a única coisa alterada foi à nomenclatura de L-2013 para L-2014, pois o caminhão continuava sendo o bom e velho guerreiro 6X2, L-2013.
Folder Mercedes-Benz L-2014 6x2. Setembro – 1987 (Frente)
Ficha Técnica Mercedes-Benz L-2014 6x2. Setembro – 1987 (Verso)
Assim sendo, tudo leva a crer que não só o L-2014 6X2, mas como também toda a linha de caminhões Mercedes do período era: “o novo, que continuava velho”!
Entretanto, toda problemática era fruto da famigerada inflação que corroeu a economia brasileira por décadas. Assim nesse sentido explicou o nosso gentil amigo Evandro Fullin, editor do site http://caminhaoantigobrasil.com.br/ que: “A mudança de nomenclatura era fruto de uma restrição do governo aos aumentos de preço, para segurar a inflação, driblada pelas montadoras com o lançamento de “novos” modelos, com preços majorados.”
Assim sendo, podemos reafirmar que o lançamento da “nova” linha de caminhões de 1987, nada mais era que uma manobra da montadora para ofuscar o congelamento de preços determinado pelo governo.

Fonte: Mercedes-Benz do Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário