Em meados da década de 1950 a Mercedes Benz entrou em um segmento que ainda não havia se aventurado, o de caminhões de pequeno porte. Até aquele momento a empresa alemã só havia comercializado modelos de grandes dimensões, com exceção da linha Unimog. Foi assim até 1954, quando surgiu o L-319, um modelo que apresentava um desenho de cabine avançada, uma solução para alguns problemas que possuía inúmeras vantagens. Este formato permitia um espaço maior para a carga, sem a necessidade de se modificar o comprimento total do chassi, nem a distância entre eixos. A cabine foi movida para a extremidade dianteira, e assim o motor passou a se situar dentro dela, entre o condutor e o passageiro, esta nova configuração oferecia ainda uma maior visibilidade ao condutor, pois agora acomodado em frente ao eixo dianteiro, ele ficava muito mais próximo da estrada, ampliando sua visão.
Esta linha de modelos continuou crescendo, originando os modelos LP ou Pulman, com os modelos LP-315, LP-321, LP-326, LP-329 e LP-331, analisando as oportunidades de comercialização desta nova linha de produtos a empresa alemã decidiu pela produção no Brasil, assim desta maneira a partir de 1957 começaram a ser entregues os primeiros veículos a operadores civis, as versões passaram a ser denominadas LAP e LAPK, com aplicações diversas, desde o transporte de carga, combustível, cisterna até versões dotadas de caçambas basculantes.
A simplicidade mecânica do LP 321 e seu baixo consumo de combustível foram as características que o tornaram um sucesso no país, pois a maior capacidade de carga útil do modelo permitia as empresas utilizar uma frota menor para transportar o mesmo volume de mercadorias e com uma capacidade ainda maior que nos modelos anteriores, e essas características resultavam em um menor custo de mão de obra nas operações logísticas, além da redução com gastos de manutenção, garagem e combustível.
O chassi era do tipo escada, o que propiciava uma alta flexibilidade, necessária para resistir as curvas acentuadas e a integridade das cargas pesadas. Formado por barras de aço reforçado, conseguia superar a rigidez estrutural do veículo, aumentando desta forma a confiabilidade e firmeza do conjunto. A distância entre seus eixos era de 4,6m, o que permitia uma distribuição uniforme do peso em toda a carroceria. A Mercedes Benz oferecia uma caçamba com 6,5m de comprimento, porem cada cliente poderia montá-la de acordo com suas necessidades, esta alternativa de customização fácil catapultou ainda mais as vendas desta linha de modelos no pais.
Apesar de originalmente ser concebido com tração 4X2, a versão LPK-331 equipada com caçamba basculante era dotada de tração nas quatro rodas e pneus especiais para operação em terrenos fora de estrada, diversas versões foram produzidas ao até o ano de 1965, entre elas a LP-334 foi o modelo de maior sucesso comercial com uma produção de 4.703 unidades. Sua alta confiabilidade e versatilidade provou a adoção em massa por governos municipais pelo pais. Em 1963 o modelo passaria por uma última atualização, passando a ostentar uma nova cabine com formas mais angulares, seguindo as novas tendências aplicadas aos demais veículos da Mercedes Benz, esta nova cabine era menor, amamentado o espaço de transporte de carga da parte posterior do veículo.
Emprego no Brasil.
Na segunda metade da década de 1950 o Exército Brasileiro ainda dispunha em sua frota de caminhões de transporte dos já obsoletos GMC CCKW e Studebaker fornecidos pelos Estados Unidos nos termos do Leand Lease Act durante a Segunda Guerra Mundial, a idade avançada dos modelos e a deficiência no suprimento de peças de reposição gerava baixos índices de disponibilidade, prejudicando a capacidade de mobilidade da força.
A primeira solução nacional aconteceu com a adoção FNM D 11.000 a partir de 1957, na iniciativa de se valorizar a indústria brasileira o comando do Exército Brasileiro, passo a analisar o modelo LP-321 fabricado pela Mercedes Benz do Brasil, sua robustez e economia proporcionada por seu motor a diesel, levaram as autoridades militares a decidir pela aquisição de 480 unidades das versões LP-321/331, que passariam a ser entregues a partir do ano de 1960, com as últimas unidades recebidas em meados do ano de 1964.
A versão militar do caminhão Mercedes-Benz 321 pouco diferia do modelo civil, apresentando para-choques reforçados, o guincho mecânico na frente e atrás, grades proteção de lentes para os faróis e lanternas o gancho para reboque e carroceria de aço, coberta de lona, além da versão padrão de carga, o Exército Brasileiro receberia ainda as versões de transporte de animais, transporte de tropas de choque, cisterna, furgão fechado na configuração 6X2 e Carga Emprego Geral Comercial com guincho Munck 15 toneladas.
As versões 4X2 foram entregues na configuração de 5,5m de comprimento, 1,80m de largura e 2,60m de altura, sendo dotado com um motor Mercedes Benz OM-321 a diesel produzido no Brasil gerando 120 hp a 2.800 rpm, apesar de não contarem com tração nas quatro rodas os veículos apresentam bom desempenho em missões realizadas fora de estrada. Até fina de década de 1970 os MB-321/331 prestaram excelentes serviços até serem gradualmente substituídos por outros caminhões militares nacionais mais modernos, que passaram a ser dotados exclusivamente de tração nas quatro rodas também podiam operar fora da estrada, em terrenos irregulares sem o mesmo desgaste apresentado por seus antecessores.
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