TRANSPORTES DO MUNDO TODO DE TODOS OS MODELOS: Volkswagen Kombi Modelo 261

29 dezembro 2017

Volkswagen Kombi Modelo 261

História e Desenvolvimento. 


O conceito por trás da Kombi  ou Kombinationsfahrzeug  que significa "veículo combinado" em alemão, surgiu no final dos anos 1940, sendo fruto da ideia  do importador holandês Ben Pon, que anotou em sua agenda desenhos de um tipo de veículo inédito até então, baseando-se em uma perua feita sobre o chassi do Fusca. Os primeiros protótipos tinham aerodinâmica terrível, porém retrabalhos na Faculdade Técnica de Braunschweig deram ao carro, apesar de sua forma pouco convencional, uma aerodinâmica melhor que a dos protótipos iniciais com frente reta. Testes então se sucederam com a nova carroceria montada diretamente sobre a plataforma do Fusca, porém, devido a fragilidade do carro resultante, uma nova base foi desenhada para o utilitário, baseada no conceito de chassi monobloco. Finalmente, após três anos passados desde o primeiro desenho, o carro ganhava as ruas em 8 de março de 1950.

Sua construção robusta monobloco (sem chassi), suspensão independente com barras de torção, além da excêntrica posição do motorista no carro (sentado sobre o eixo dianteiro e com a coluna de direção praticamente vertical), o tornavam um veículo simples e robusto, de baixo custo de manutenção. Sua motorização é um caso a parte: embora os modelos recentes possuam motores mais modernos, durante 50 anos o motor que equipou o veículo no Brasil foi o tradicional "boxer" com refrigeração a ar, simples e muito resistente. Tal durabilidade geralmente superava em muito a do resto do carro, sendo comum nas ruas brasileiras ver carros totalmente destroçados, porém com o motor rodando perfeitamente. A despeito disso, a Kombi é um veículo que, se empregado dentro das especificações padrão, pode operar por um longo período.
O veículo chegou ao Brasil no ano de 1950 através de uma importação realizada grupo Brasmotor (proprietário da marca Brastemp), a grade aceitação do modelo pelo mercado civil levou a empresa a realizar a montagem do veículo do pais, recebendo os kits no "sistema CKD", "Completely Knocked Down e montando os manualmente em suas instalações a a partir do ano de 1953. 

Em seu processo mundial de expansão a Volkswagen inaugura sua primeira unidade fabril no Brasil, na cidade de São Bernardo do Campo - SP passando a produzir a Kombi com um índice de nacionalização de 50%, sendo este o primeiro modelo fabricado pela montadora no pais e também e o que esteve por mais tempo em produção. Durante a década seguinte o modelo seguiu obtendo excelentes resultados e vendas, recebendo também uma série de melhorias em itens de conforto, elétrica e mecânica. 

Na Europa (e na maior parte do mundo) a Kombi (conhecida como "Transporter", "Type 2", "Kombi" ou mesmo "Combi") foi produzida em sua forma tradicional até final dos anos 1970, quando deu lugar a um utilitário de tração dianteira e motor refrigerado a água, que chegou a ser importado para o Brasil sob os nomes "Eurovan" e "Transporter". Curiosamente, foi o único modelo derivado do Fusca a evoluir além do motor boxer refrigerado a ar (isso excluindo o VW Gol, que possuía apenas o motor em comum). No Brasil A carroceria se manteve basicamente a mesma do modelo original, sendo que a versão vendida entre 1976 e 1996 era uma amálgama entre as "gerações" 1 e 2 da Kombi alemã, única no mundo (como basicamente toda a linha "a ar" da Volkswagen do Brasil). A versão pós 97 na verdade é praticamente o mesmo modelo produzido na Alemanha entre 1972 e 1979 (T2b, Clipper), com porta lateral corrediça, tampa do porta malas mais larga, redução do número de janelas laterais para três em cada lado, além de teto mais elevado, única alteração verdadeiramente "original" feita nessa ocasião.
Em dezembro de 2005 ocorreu a mais recente modificação implementada pela marca, com adoção de motorização refrigerada a água e painel semelhante aos automóveis "de entrada" da marca (Gol e Fox). A mudança de motorização, para se adequar aos novos padrões brasileiros de emissões, selou, de forma discreta, o fim do motor boxer refrigerado a ar no Brasil. Embora altamente popular, a obrigatoriedade de ABS e air-bags a partir de 01 de janeiro de 2014, fez com que o modelo saísse de linha, ao todo foram entregues mais de 1,5 milhão de unidades em 56 anos  de produção.

Emprego no Brasil. 

Em fins da década de 1950 o Exército Brasileiro dispunha em suas fileiras um elevado número de veículos leves de transporte de origem norte americana, frutos dos fornecimentos nos termos do acordo Leand & Lease Act em meados da década passada, no entanto os índices de disponibilidade estavam abaixo do ideal, devido à dificuldade do suprimento de peças de reposição, neste cenário o comando do exército optou pela aquisição de veículos leves da Volkswagen do modelo Kombi a partir do ano de 1961, sendo esta aquisição seguida também pela Mainha Brasileira e Força Aérea Brasileira.
As primeiras unidades fornecidas foram da versão furgão para emprego em missões de transporte de pessoal e carga leve , em 1963 a Volkswagen introduziu a versão pick-up da Kombi, equipada com carroceria de aço que passaria a ser dotada com um motor mais potente o VW 1500 cm3 (52cv a 4600 rpm), este novo modelo logo chamou a atenção das três forças armadas que passaram a encomendar sucessivos lotes para o emprego em suas unidades operacionais espalhadas por todo o pais, com principal tarefa de transporte leve de carga.

Neste mesmo período o Exército Brasileiro estava envolvido ativamente nos esforços das Nações Unidas para a manutenção de estado de paz entre israelenses e árabes na região do canal de Suez, as tropas brasileiras estavam localizadas no deserto do Sinai, e se fez necessário além do envio do contingente de pessoal, o envio de veículos de transporte, incialmente foram enviados dezenas de caminhões FNM D-11000, Jeeps e M-3 Scout Car , porém havia a necessidade de veículos de pequeno porte, e neste cenário a VW Kombi se mostrou o veículo leve ideal, pois seu sistema de refrigeração a ar garantia emprego constante, não se enquadrando nas limitações impostas aos veículos leves refrigerados à água, que sempre super aqueciam nas estradas devido ao calor.

Os Veículos foram enviados via marítima já portando a pintura padrão das forças de paz da UNEF - United Nations Emergency Force, onde estiveram a disposição do Batalhão Suez até fins de 1967, executando tarefas de transporte de suprimentos entre os postos avançados espalhados pelo deserto. Durante as décadas seguintes as três forças continuaram a adquirir as novas versões do modelo, estando em uso até a atualidade, devendo se manter em operação até pelo menos o ano de 2025.

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