Uma das raras indústrias de equipamentos pesados da região nordeste, a Herberto Ramos Indústria e Comércio S.A., de Recife (PE), foi responsável, em 1959, pela construção da primeira escavadeira mecânica da América Latina. Suas atividades tiveram início em 1951, fabricando peças de reposição para máquinas importadas, até que no final da década projetou sua própria escavadeira, um modelo sobre esteiras de concepção simples, tomando por base modelos estrangeiros existentes no mercado. Denominada HR 75A, tinha lança de 14 m de comprimento e era acionada por motor diesel Perkins de seis cilindros e 95 cv (embora outras motorizações também viessem a ser utilizadas). Até 1970 construiu duas dragas e 76 guindastes e escavadeiras, a maior parte vendida na Região Sudeste.
Em 1970 a empresa apresentou ao Geimot projeto para a construção do trator de esteiras S-651, com tecnologia da UTB romena, segundo processo seletivo conduzido pelo órgão. Previa-se a instalação de nova fábrica em Carpina (PE) e a produção de 249 unidades em 1972, com 51% de nacionalização, elevando-se gradativamente a quantidade fabricada e a agregação local até atingir-se a meta, em 1974, de 1.200 tratores/ano com 90% de nacionalização.
Acontece que, em setembro, a Faço (empresa que dois anos depois seria absorvida pela Allis-Chalmers) entrou com pedido de falência da Herberto Ramos, alegando o não pagamento de quatro faturas. Criado o impedimento legal, o Geimot não pôde julgar o pleito de fabricação de tratores, assim como a Sudene ficou impedida de aprovar pedido de financiamento de capital de giro que então analisava. Imediatamente a HR contestou na Justiça a ação de falência, em especial pelo momento tão inoportuno. O processo se tornaria nacionalmente famoso e constaria, como importante elemento de prova, da chamada CPI das Multinacionais, promovida em 1975 pela Câmara dos Deputados. Levada a ação até a última instância, em outubro de 1976 o Supremo Tribunal Federal deu ganho à Herberto Ramos, por unanimidade, julgando improcedente e dolosa a ação da Faço (já então sob controle da FiatAllis) e condenando-a a indenizar a empresa pernambucana por perdas e danos.
Em 1982, quando já fabricava modelos para 20, 40 e 60 t, sobre esteiras o pneus, a empresa lançou um grande guindaste para 150 t e escavadeiras para mineração com capacidade de 3,8 m³. A HR continuou a construir gruas e guindastes até a década de 90, quando teve encerradas as atividades.
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