TRANSPORTES DO MUNDO TODO DE TODOS OS MODELOS: TEMA TERRA

02 junho 2017

TEMA TERRA

Criada em 1952 por empreiteiros da região de Campinas (SP) para fornecer apoio técnico às suas frotas de máquinas de construção importadas, a Tema Terra (então Terra Máquinas) se tornaria, nas décadas seguintes, um dos principais fabricantes brasileiros de equipamentos de compactação de solos. Em 1957, com tecnologia e projeto próprios, a empresa iniciou a produção local de rolos compressores lisos; foi a primeira do país a construí-los industrialmente. Em 1961, já sob a denominação Tema Terra Maquinaria S.A., firmou acordo de absorção de tecnologia com a norte-americana Bros Inc., da qual passou a fabricar os produtos.
Com a Bros chegaram as primeiras máquinas compactadoras de pneus da Tema Terra – o modelo SP-54 B, lançado na V Feira da Mecânica Nacional, em 1964. Tinha 3,6 t (chegando a 11,3 t, com lastro de areia úmida e ferro), sete rodas (três à frente e quatro atrás) e motor Mercedes-Benz de 73 cv. Em 1967 foi apresentada uma versão maior e mais atualizada, SP-6000, para até 21 t, com sistema de controle remoto de calibragem dos pneus (permitindo ajustar a capacidade de compactação ao tipo de solo durante a operação), logo seguida da SP-3500, 8000 e 10000 (respectivamente, pesos com lastro de 14, 26 e 35 t e motores Mercedes-Benz de 68 e 145 cv e Perkins de 145 cv).
Por décadas estes seriam os equipamentos de maior sucesso da empresa. Dois anos depois, novas máquinas foram mostradas: o pesado compactador articulado SP-255, impulsionado pelos dois rolos traseiros tipo pé-de-carneiro, com motor Perkins de 165 cv e direção hidráulica; e os rolos lisos tipo tandem (dois tambores) TT-58 e 710, pesando 8 e 10 t (com lastro), equipados com motor Perkins de 47 cv e direção hidráulica. Logo a seguir chegou o rolo liso vibratório articulado SPV-730, com motor Mercedes-Benz de 122 cv.
Com produção crescente, a empresa terminou a década em novas instalações, em Sumaré (SP). Na altura, já dispunha de completa linha de compactadores rebocáveis e autopropelidos, vibratórios ou não, lisos, tipo pé-de-carneiro e de pneus. Foi então anunciada a nacionalização da varredeira de ruas American Hoist, em versões para 3 e 4 m³ de material coletado. Equipada com dois motores (um Ford V8 de 165 cv, para propulsão, e outro de 48 cv, para acionar as vassouras), aparentemente não passou da fase de protótipo.
Em 1972 a Tema Terra foi vendida para a American Hoist & Derrick Co, controladora da Bros. Com a aquisição, a linha de produtos foi diversificada, incluindo a fabricação de prensas para a indústria metalúrgica e o lançamento de guindastes pesados para construção civil e produção de petróleo. A linha, composta de equipamentos estacionários, sobre esteiras e pneus, foi sendo progressivamente expandida até 1983, quando apresentaria modelos capazes de movimentar de 25 até 125 t de carga (até aquele ano, 19 unidades fixas já haviam sido instaladas em plataformas marítimas da Petrobrás). O modelo sobre pneus, da série American 5530, foi um dos primeiros a serem nacionalizados. Se tratava de um caminhão 8×4 com motor Scania de 285 cv e dois eixos dianteiros direcionais, fabricado pela própria empresa, equipado com guindaste móvel com capacidade para 75 t e alcance de até 51 m, acionado por outro motor Scania, este com 215 cv.
A gama de compactadores permaneceu fundamentalmente a mesma, apenas recebendo com o correr do tempo alguns melhoramentos técnicos e mudanças estéticas, resultando em alguns poucos novos produtos, como o rolo tandem TH-10 (em lugar do TT-58), o articulado vibratório SPV-755 (de 1978, com motor Mercedes-Benz de 165 cv) e a nova família de rolos vibratórios SPV-48, 68 e 84.
A administração da American Hoist acabou por não produzir maiores impactos sobre a Tema Terra, em termos de participação no mercado, posicionando-a em um discreto 12º lugar, em valor de vendas, em 1977. A consolidação da marca e a gestão profissional da matriz, contudo, garantiam-lhe bons resultados financeiros, com melhor rentabilidade (sobre vendas e patrimônio) do que a concorrência. Pouquíssimas novidades ocorreram nos anos seguintes. De mais notável, apenas uma linha de vagões fora-de-estrada para transporte de terra ou minérios, lançada em 1986. Rebocados por caminhões-tratores, em versões com descarga traseira, lateral ou de fundo, tinham capacidade para até 150 t.
A American Hoist, porém, não demorou por se desinteressar de sua filial, em 1988 abrindo mão do controle da empresa. As ações foram adquiridas pelo próprio presidente da Tema Terra, um brasileiro que logo expôs sua “nova visão” do negócio: “o Brasil já perdeu muito tempo com tecnologia, tentando desenvolver projetos e produtos próprios; (…) o que temos que fazer é (…) pagar para obter aquilo que há de mais avançado“. Procurando ampliar sua fatia de mercado, tentou avançar no sentido da diversificação. No final de 1989 assumiu a produção da mini pá-carregadeira Bobcat, até então fabricada no país pela VME. Máquina extremamente ágil, vinha equipada com motor Agrale e tração nas quatro rodas, podendo girar 360° em torno do próprio eixo. Com capacidade para ½ t e caçambas de 0,25 a 0,42 m³, foi disponibilizado em duas versões: 711 e 723, esta com transmissão hidrostática. Além da Bobcat, a empresa lançou sua primeira retroescavadeira.
Estes investimentos vieram em má hora, porém. O Plano Collor e o período recessivo que a ele se seguiu impediram que a Tema Terra, que já vinha de uma fase de pouco dinamismo, deslanchasse novamente. A concorrência – externa e interna –, com produtos mais modernos, forçou a empresa a recuar ainda mais no mercado. Tentando se ajustar aos “novos tempos”, buscou explorar a abertura do mercado às importações, tornando-se represente nacional das empilhadeiras coreanas Daewoo. Em situação crítica, em 2003 a empresa enfrentou greves por atraso no pagamento de salários e não recolhimento de FGTS e INSS. Em dezembro de 2005 a Tema Terra teve a falência decretada.

 

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