TRANSPORTES DO MUNDO TODO DE TODOS OS MODELOS: O Império ou Reino de Axum ou de Aksum foi um reino africano que se tornou conhecido pelos povos da região, incluindo o Mediterrâneo, por volta do século I. Localizava-se no território onde atualmente fica a Etiópia

10 fevereiro 2022

O Império ou Reino de Axum ou de Aksum foi um reino africano que se tornou conhecido pelos povos da região, incluindo o Mediterrâneo, por volta do século I. Localizava-se no território onde atualmente fica a Etiópia

 Império ou Reino de Axum ou de Aksum foi um reino africano que se tornou conhecido pelos povos da região, incluindo o Mediterrâneo, por volta do século I. Localizava-se no território onde atualmente fica a Etiópia


Império de Axum
c. 100 — c. 940 
LocationAksumiteEmpire-pt.svg
Império de Axum em seu zênite
RegiãoCorno da África
CapitalAxum
Países atuais

Línguas oficiaisGueês
ReligiãoCristianismo.
MoedaAU, AR, AE unidades

Negus
• c. 100 Zoscales (primeiro)
• c. 940 Dil Naode (último)

Período histórico
• c. 100 Fundação
• c. 940 Dissolução

Área
 • 350[1] 1 250 000 km²
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Império ou Reino de Axum ou de Aksum foi um reino africano que se tornou conhecido pelos povos da região, incluindo o Mediterrâneo, por volta do século I. Localizava-se no território onde atualmente fica a Etiópia, bem próximo ao Mar Vermelho e ao Rio Nilo. Os axumitas estabeleceram-se na região por volta do século V a.C., na cidade de Axum, e passaram a conquistar outras áreas próximas, cobrando tributos dos povos derrotados. A partir do século II, conquistaram várias cidades da Península Arábica e o Reino de Cuxe, ampliando consideravelmente seu Império.

História

A cidade de Axum foi aparentemente fundada por volta de 100 d.C., mas a região circundante é habitada há milênios. A terra de Punte, mencionada pelos antigos egípcios como fonte de mirra, localizava-se possivelmente na zona de Axum. Por volta de 500 a.C. surgiu na área uma cultura pré-Axumita, chamada Da'amat, com ligações culturais com o sul da vizinha península Arábica.[2] De fato, desde o segundo milênio a.C. até o século IV d.C., a região de Axum foi colonizada por imigrantes sabeus vindos da península Arábica. A influência da cultura dos sabeus é vista na arquitetura e na língua do império, o gueês.[3]

Parque das Estelas, em Axum

A partir deste contexto, Axum foi sede de um dos estados mais poderosos da região entre o Império Romano do Oriente e a Pérsia, cujo poder estendeu-se do século I ao XIII. O auge da cidade e do Império de Axum ocorreu no século IV, quando o território controlado abrangia a atual Etiópia, o sul do Egito e parte da Arábia, no sul do atual Iêmem. O comércio marítimo, com rotas que chegavam até o Ceilão, era realizado através do porto de Adúlis (na atual Eritreia).[3] Segundo o autor grego anônimo do Périplo do mar da Eritreia, datado do século I, Adúlis exportava escravosmarfim e cornos de rinoceronte. Relações comerciais foram mantidas com a então província romana do Egito desde o século I e com a Índia a partir do século III; o comércio continuou com o Egito, Síria e o Império Bizantino até o século VII. A área da cidade chegou a cobrir 250 acres e estima-se que a população alcançou 20 000 pessoas no seu auge. A desaparição do império de Meroé, por volta de 320 d.C., pode estar relacionado ao crescimento de Axum, que com isso pôde redirecionar o comércio de marfim do rio Nilo ao porto de Adúlis. Sinal da importância econômica da cidade foi a cunhagem de moedas, que começou no século III e continuou até o século VII.[2]

Durante os primeiros séculos do primeiro milênio d.C. foram levantados, no campo de Mai Hedja, grandes estelas de pedra que recordavam grandes reis. Essa prática, que durou até cerca de 330 d.C., terminou na época do rei Ezana, que converteu-se ao cristianismo. Em total há 126 obeliscos em Axum, incluído o de maior tamanho conhecido, quase todos atualmente caídos e partidos em pedaços.[2][4]

Cristianização

Segundo a história contada por Teodoreto[5], que se refere aos eventos como passando na Índia, um homem de Tiro, interessado em comerciar com a Índia, partiu em viagem com seus dois sobrinhos. O barco, porém, foi atacado por bárbaros, que mataram quase todos a bordo. Seus sobrinhos, Edésio (Ædesius) e Frumêncio (Frumentius), foram levados como escravos ao rei do país, que, percebendo sua inteligência, os promoveu a superintendentes do reino. Eles eram cristãos, e continuaram servindo ao reino após a morte do rei e a ascensão ao trono do seu filho. Após algum tempo, eles pediram para voltar para seu país, e voltaram a território romano. Edésio foi para Tiro, mas Frumêncio para Alexandria, onde informou que os indianos estavam ansiosos para ganhar a luz espiritual. Atanásio, o bispo, disse que não havia ninguém melhor que o próprio Frumêncio para a missão, nomeou-o bispo, e enviou-o de volta.

Com base na história de Teodoreto e outras evidências, considera-se que o cristianismo foi adotado como religião estatal de Axum em 330, o que criou laços religiosos com o Egito (então cristão) e Constantinopla. O rei Ezana foi convertido ao cristianismo por Frumêncio, um monge sírio que foi mais tarde feito bispo pela Igreja Copta egípcia. A partir dessa época, os reis cristãos de Axum construíram palácios e igrejas, entre estas a primeira Igreja de Santa Maria, levantada em finais do século IV, segundo uma lenda, na área de um lago que secou milagrosamente. Achados arqueológicos e antigos textos mostram que a cidade contou com palácios e casas nobres de pedra com vários andares, mas a maioria das moradas em Axum eram de barro e cobertas de palha.[2]

Segundo a tradição religiosa da Igreja Ortodoxa Etíope, recolhida na obra Kebra Negast (século XIII), foi de Axum que partiu Maqueda, a rainha de Sabá, para visitar o rei Salomão em Jerusalém.[6] Ainda segundo a tradição, da união entre ambos nasceu Menelique I, que após visitar o pai trouxe à Etiópia a Arca da Aliança, que até hoje estaria numa capela do complexo da Igreja de Santa Maria de Sião.[6][2]

Decadência

A partir do século VII se inicia a decadência de Axum, primeiro devido à instabilidade comercial causada pelas disputas entre bizantinos e os persas do Império Sassânida e, após 632, pela expansão dos domínios dos árabes muçulmanos. Apesar de que as relações com os muçulmanos foram inicialmente amistosas, a partir do século VII a ascensão da dinastia omíada causou seu declínio final. Os árabes dominaram o comércio do mar Vermelho, conquistando Adúlis e cortando as rotas comerciais do Império de Axum. A produção agrícola caiu, provavelmente por problemas ambientais e de excessiva exploração da área circundante da cidade, que nos finais do século VIII foi reduzida a um vilarejo. As elites abandonaram a cidade, assim como os reis, que transferiram a capital ao sul. Apesar haver mantido sua importância simbólica, especialmente religiosa, os líderes da igreja etíope deixaram a cidade na metade do século X.[2]

Após um longo período de obscuridade, Axum começa a reviver a partir do século XV. A Igreja de Santa Maria de Sião foi reconstruída em 1404, e novos bairros de moradia foram criados no século XVI. Porém, em 1535, a cidade foi invadida e destruída pelo chefe militar somali Amade ibne Ibraim Algazi. Nos séculos seguintes, Axum foi vítima de pragas de gafanhotoscólera e fome que dizimaram a população. A importância simbólica para a religião e realeza etíope, porém, nunca foi esquecida.


  •  Turchin, Peter and Jonathan M. Adams and Thomas D. Hall: "East-West Orientation of Historical Empires and Modern States", page 222. Journal of World-Systems Research, Vol. XII, No. II, 2006
  • ↑ Ir para:a b c d e f g Michael Dumper, Bruce E. Stanley. Cities of the Middle East and North Africa: a historical encyclopedia. ABC-CLIO, 2007. ISBN 1576079198 [1]
  • ↑ Ir para:a b Akxum no sítio da UNESCO [2]
  •  Ehtiopia: three millenia of legend and history. The UNESCO Courier. 2008, n. 8 [3]
  •  TeodoretoHistória Eclesiástica, Capítulo XXII, A Conversão dos Indianos, [http://www.sacred-texts.com/chr/ecf/203/2030043.htm
  • ↑ Ir para:a b Lincoln Etchebéhère Júnior e Thiago Pereira de Sousa Lepinski. Cristandade Oriental: a Igreja Etíope na Idade Média. Revista Mirabilia. N. 9, 2009[4][ligação inativa]
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