FRAGATA CLASSE NITERÓI

Fragata Classe Niterói: O Pilar da Marinha do Brasil por Mais de Quatro Décadas
Durante grande parte do final do século XX e início do XXI, a Fragata Classe Niterói representou o coração da frota de superfície da Marinha do Brasil. Projetadas com base em tecnologia britânica avançada e adaptadas às necessidades estratégicas sul-americanas, essas embarcações combinaram robustez, versatilidade e capacidade de operações multinacionais. Mais do que simples navios de guerra, as fragatas da Classe Niterói foram símbolos de soberania, projeção de poder e modernização naval no Brasil.
Mas qual foi a origem dessas embarcações? Como funcionavam? E por que sua aposentadoria marcou o fim de uma era na Marinha brasileira? Este artigo explora em detalhes a história, as capacidades técnicas e o legado duradouro da Classe Niterói.
Origem e Contexto Histórico
Na década de 1970, a Marinha do Brasil buscava substituir suas antigas fragatas e contratorpedeiros, muitos deles obsoletos ou de origem norte-americana da Segunda Guerra Mundial. O projeto "Fragata Classe Niterói" surgiu como parte do Programa de Renovação da Esquadra, com o objetivo de modernizar a frota e garantir presença naval efetiva no Atlântico Sul.
A escolha recaiu sobre o projeto britânico Type 22 Batch 1 (Broadsword-class), desenvolvido pela Yarrow Shipbuilders. No entanto, ao invés de comprar os navios prontos, o Brasil optou por uma parceria tecnológica: os primeiros navios seriam construídos no Reino Unido, e os demais, sob licença, no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) — um marco para a indústria naval nacional.
O programa resultou na construção de seis fragatas entre 1976 e 1990:
- F-40 Niterói (lançada em 1974, comissionada em 1976)
- F-41 Defensora (1976)
- F-42 Constituição (1978)
- F-43 Liberal (1980)
- F-44 Independência (1980)
- F-45 União (1981)
Todas receberam nomes inspirados em ideais republicanos e históricos brasileiros, reforçando seu papel simbólico.
Capacidades Operacionais e Sistemas de Armas
As fragatas Classe Niterói eram navios de escolta de médio porte, projetados para operações antissubmarino (ASW), antiaéreas (AAW) e antissuperfície (ASuW) — uma tríade rara na América Latina na época.
Armamento Principal
- 2 lançadores quádruplos de mísseis antissuperfície MM38 Exocet (alcance ~42 km)
- 1 canhão OTO Melara 76 mm (alta cadência, versátil contra alvos aéreos e de superfície)
- 2 lançadores duplos de torpedos antissubmarino Mk 32 (para torpedos Mk 44/46)
- 1 sistema de mísseis antiaéreos Sea Cat (GWS-22, guiado por radar — posteriormente substituído por sistemas mais modernos em algumas unidades)
- Metralhadoras de 12,7 mm e sistemas de defesa próxima
Sensores e Eletrônica
- Radar de busca aérea Type 967
- Radar de busca de superfície Type 968
- Radar de controle de tiro Type 912
- Sonar de casco Type 162/184 (crucial para detecção submarina)
- Sistema de combate CAAIS (Computer Assisted Action Information System)
Aeronave Orgânica
Cada fragata operava 1 helicóptero antissubmarino, inicialmente o Westland Lynx Mk.21, depois substituído pelo Super Lynx Mk.21A/B, capaz de lançar torpedos, realizar reconhecimento e busca e salvamento.
Ficha Técnica – Fragata Classe Niterói
Operações e Legado
As fragatas Classe Niterói participaram de dezenas de operações, incluindo:
- Patrulhamento da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) brasileira (maior do mundo em extensão contínua)
- Missões de paz da ONU, como no Haiti (MINUSTAH)
- Exercícios multinacionais (UNITAS, FRATERNO, etc.)
- Combate ao narcotráfico e pesca ilegal
- Ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) costeira
Sua confiabilidade e autonomia as tornaram verdadeiras embaixadas flutuantes do Brasil no exterior.
Desativação e Sucessão
Com o avanço da idade e a escassez de peças de reposição (especialmente para os sistemas britânicos), a Marinha do Brasil iniciou o processo de desativação da classe a partir da década de 2010. A última fragata, F-45 União, foi descomissionada em 2023, encerrando oficialmente uma era.
Seu legado está sendo sucedido pelos Navios de Patrulha Oceânica (NPaOc) Classe Tamandaré — construídos em parceria com a alemã ThyssenKrupp Marine Systems — e pelos futuros Navios de Combate do Futuro (NCF), que prometem retomar o papel de escolta de alto mar.
Conclusão
A Fragata Classe Niterói não foi apenas um navio de guerra: foi um projeto de soberania tecnológica, um marco da indústria naval brasileira e um instrumento de política externa. Por mais de 45 anos, suas seis unidades defenderam os mares do Brasil com distinção, treinaram gerações de marinheiros e provaram que o país podia operar e manter embarcações de alto nível em cenários globais.
Hoje, embora aposentadas, as Niterói permanecem vivas na memória da Marinha — e em museus, como a F-40 Niterói, preservada como navio-museu no Rio de Janeiro, testemunha silenciosa de uma era de ambição naval brasileira.
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FICHA TÉCNICA
Tipo: Fragata multimissão.
Tripulação: 209 tripulantes.
Data do comissionamento: Novembro de 1976
Deslocamento: 3800 toneladas
Comprimento: 129 mts.
Boca: 13,5 mts.
Propulsão: 2 Turbinas a Gás Olympus TM3B com 56000 hps e 4 motores a diesel T16V956 B-9
Alcance: 8500 Km
Sensores: Radar de busca aérea e de superfície Alenia 2D RAN 20S com alcance de 240 km, Radar de navegação Terma Skanter Mil, radar de direção de tiro RTN-30X, Sonar EDO 997F.
Armamento: AAW: 1 lançador de 8 células para mísseis Aspide Mod 7; 2 canhões Bofors Trinity MK-3 de 40 mm antiaéreos; AsuW: 1 Canhão Vickers MK-8 de 114,5 mm, 4 lançadores de mísseis MBDA MM-40 MK II Exocet; ASW: 2 lançadores triplos MK-32 para torpedos leves MK-46.
Aéronaves: Um helicóptero anti-submarino Westland Super Linx

Essa modernização, também trouxe uma experiência importantíssima para a marinha do Brasil nesse tipo de empreendimento, para que no futuro, possamos executar esse tipo de trabalho em outras embarcações de nossa marinha e até, em navios de países amigos.


Para direção de tiro um sistema NA-30 composto por um radar RTN-30X com alcance de 45 km contra alvos aéreos e 15 km de alcance contra mísseis em vôo rente a o mar (sea skimmer) e por um sensor Saab EOS 400-10B que proporciona imagem de TV e térmica para apoiar a direção de tiro dos canhões do navio. O sensor termal detecta o calor de um alvo a uma distancia máxima de 20 km. Para detecção de ameaças submarinas um novo sonar modelo EDO 997F, o mesmo usado no moderníssimo novo destróier da marinha britânica o Type 45 Daring, foi instalado. Esse sonar permite uma maior sensibilidade na detecção das ameaças submarinas. Os sensores das Niterói são controlados por um sistema de gerenciamento de dados táticos Sinconta Mk-2, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM). Esse sistema gerencia as informações dos sensores dando agilidade de resposta para as ameaças ao navio.
A suíte de guerra eletrônica é composto por um sistema Racal Cutlass B1W de apoio a guerra eletrônica (MAGE) que classifica as ameaças eletromagnéticas como ondas de radares inimigas que estejam iluminando o navio para que estas possam ser interferidas, ou “jameadas” como preferem dizer alguns especialistas. O interferidor usado nas fragatas Niterói é o ET/SLQ-1 desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM), que interfere em radares de direção de tiro e de busca, além de gerar sinais eletrônicos que despistam os sensores inimigos, dando uma posição do navio diferente da real.





Ainda há, nas Niterói, um helicóptero anti-submarino Westland Super Linx, que pode ser armado com torpedos MK-46 ou mísseis antinavio Sea Skua guiado por radar semi ativo e com alcance de 20 km. Esse míssil usa os dados do radar de médio alcance Sea Sprey MK-3 do Super Linx para atingir seu alvo.











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