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16 outubro 2025

Fragata Greenhalgh (F-46): A Veterana Britânica que se Tornou Pilar da Marinha do Brasil

 

F-46 Greenhalgh


Fragata Greenhalgh (F-46): A Veterana Britânica que se Tornou Pilar da Marinha do Brasil


Introdução

Em um momento de renovação da frota naval nos anos 1970, a Marinha do Brasil precisava de embarcações modernas, versáteis e com capacidade oceânica — e encontrou a resposta do outro lado do Atlântico.

Assim nasceu a história da Fragata Greenhalgh (F-46), uma ex-unidade da Royal Navy que, após décadas de serviço no Reino Unido, cruzou oceanos para se tornar uma das mais importantes fragatas da esquadra brasileira por mais de 30 anos.

Com nome em homenagem ao Almirante João do Canto e Castro e Silva Greenhalgh, herói da Marinha Imperial, a F-46 não só defendeu a soberania marítima do Brasil, mas também participou de operações internacionais, exercícios multinacionais e treinamentos que moldaram gerações de oficiais.

Neste artigo, navegamos pela história, tecnologia, missões e legado dessa fragata que carregou com honra as cores do Brasil nos mares do mundo.


Origem: Da Royal Navy à Marinha do Brasil

A Greenhalgh começou sua vida como HMS Broadsword (F88), a fragata líder da Classe Broadsword — também conhecida como Classe Type 22 —, projetada pela Royal Navy durante a Guerra Fria para combate antissubmarino (ASW) no Atlântico Norte.

Lançada em 1975 e comissionada em 1979, serviu com distinção na Guerra das Malvinas (1982), onde desempenhou papel crucial na escolta de porta-aviões e defesa antiaérea da frota britânica.

Com o fim da Guerra Fria e a redução da frota britânica, o Reino Unido ofereceu unidades da Type 22 a aliados. Em 1994, o Brasil adquiriu quatro fragatas dessa classe:

  • F-46 Greenhalgh (ex-HMS Broadsword)
  • F-47 Defensora (ex-HMS Battleaxe)
  • F-48 Constituição (ex-HMS London)
  • F-49 Liberal (ex-HMS Coombe)

A Greenhalgh foi incorporada à Marinha do Brasil em 23 de novembro de 1994, após modernização em estaleiros britânicos.


Missões e Papel Estratégico

Na Marinha do Brasil, a F-46 assumiu múltiplas funções:

  • Patrulha da Amazônia Azul
  • Escolta de comboios e unidades de valor
  • Combate antissubmarino e antinavio
  • Operações de paz da ONU
  • Treinamento avançado de tripulações
  • Presença naval em missões diplomáticas

Sua autonomia, sensores avançados e capacidade de operar helicópteros a tornaram a espinha dorsal da esquadra brasileira até a chegada das novas fragatas Tamandaré.


Ficha Técnica Completa: Fragata Greenhalgh (F-46)

Classe
Type 22 (Batch 1) – ClasseBroadsword
Nome no Brasil
Greenhalgh(F-46)
Ex-nome
HMSBroadsword(F88)
Construtora
Yarrow Shipbuilders, Escócia (Reino Unido)
Incorporação na MB
23 de novembro de 1994
Deslocamento
4.400 toneladas (carga plena)
Comprimento
131 metros
Boca (largura)
14,8 metros
Calado
5,8 metros
Propulsão
Sistema COGOG:
– 2 turbinas a gás Rolls-Royce Olympus TM3B (50.000 hp)
– 2 motores diesel Rolls-Royce Tyne RM1C (10.000 hp)
Velocidade máxima
30 nós (~56 km/h)
Autonomia
4.000 milhas náuticas a 18 nós
Tripulação
230 (incluindo aviação)
Helicóptero
1 x Westland Lynx ou SH-16 Seahawk (com hangar e heliponto)

Armamento

  • 2 lançadores quádruplos de mísseis antinavio MM38 Exocet (alcance: 42 km)
  • 1 lançador de mísseis antiaéreos Sea Wolf (GWS-25) – 32 mísseis (capaz de interceptar mísseis antinavio)
  • 2 canhões automáticos Oerlikon 30 mm
  • 2 lançadores de torpedos triplos STWS Mk 2 (para torpedos Mk 46 ou MU90)
  • 1 canhão de proa de 4,5 polegadas (114 mm) – desativado na MB, mas mantido como reserva

Sensores e Sistemas

  • Radar de busca aérea Type 967/968
  • Radar de superfície Type 978
  • Radar de direção de tiro Type 910 (Sea Wolf)
  • Sonar de casco Type 2016
  • Sistema de combate GSA-7 (atualizado no Brasil)
  • Sistema ESM/ECM (guerra eletrônica)

Modernização na Marinha do Brasil

Após a incorporação, a Greenhalgh passou por atualizações:

  • Substituição dos mísseis Sea Skua por Exocet MM38
  • Integração de sistemas de comunicação brasileiros
  • Adaptação para operar o helicóptero SH-16 Seahawk
  • Melhorias na habitabilidade e sistemas de navegação

Apesar de não ter recebido os mísseis Sea Wolf Block 2 (como planejado), manteve capacidade antiaérea respeitável para sua época.


Operações Marcantes

  • Patrulha constante na Amazônia Azul contra pesca ilegal e tráfico
  • Exercícios UNITAS (com marinhas das Américas)
  • Operações de paz no Caribe e África Ocidental
  • Treinamento de oficiais da Escola Naval e do CIABA
  • Participação em desfiles navais internacionais

Embora nunca tenha entrado em combate direto sob a bandeira brasileira, sua presença dissuasória foi vital para a projeção de poder marítimo do Brasil no Atlântico Sul.


Baixa e Legado

A Greenhalgh foi descomissionada em 14 de agosto de 2021, após 27 anos de serviço no Brasil e 42 anos no total (incluindo a Royal Navy).

Seu desarmamento marcou o fim de uma era — a das grandes fragatas ocidentais na esquadra brasileira — e abriu caminho para a nova Classe Tamandaré, 100% nacional.

Mas seu legado permanece:

  • Treinou milhares de marinheiros
  • Consolidou a doutrina de operações oceânicas da MB
  • Provou que o Brasil pode operar embarcações de alta complexidade com excelência

Curiosidade Histórica

O nome Greenhalgh homenageia o Almirante João do Canto e Castro e Silva Greenhalgh (1847–1914), oficial da Marinha Imperial que combateu na Guerra do Paraguai e foi ministro da Marinha. Apesar do sobrenome britânico (herdado de ancestrais lusodescendentes com raízes inglesas), era 100% brasileiro — um símbolo da diversidade da elite naval do século XIX.


Conclusão

A Fragata Greenhalgh (F-46) foi muito mais que um navio de guerra: foi uma ponte entre tradições navais, uma escola flutuante e um guardião dos mares brasileiros.

Sua história lembra que, mesmo em tempos de orçamentos apertados, a Marinha do Brasil soube maximizar o valor de cada embarcação — transformando uma veterana britânica em um ícone da soberania marítima nacional.

Enquanto houver mares a proteger, o espírito da Greenhalgh continuará navegando nas águas da Amazônia Azul.


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Navios constituintes da classe
Nr.    Nome                                    Estaleiro                    I.C.   E.S.    F.S.   Situação  
F46   Greenhalg (ex Broadsword)   Yarrow Shipbuilders 1975  1995 - - - -  Em serviço
F47   Dodsworth (ex Brilliant)         Yarrow Shipbuilders 1977  1996  2004  Retirado 
F48   Bosisio (ex Brazen)                Yarrow Shipbuilders 1978  1996 - - - -  Em serviço
F49   Rademaker (ex Battleaxe)      Yarrow Shipbuilders 1976  1997 - - - -  Em serviço

IC = Inicio de Construção ES=Entrada no Serviço Activo FS=Final de Serviço Activo


D a t a s

Batimento de Quilha: 7 de fevereiro de 1975
Lançamento: 12 de maio de 1976
Incorporação (RN): 3 de maio de 1979
Baixa (RN): 30 de junho de 1995
Incorporação (MB): 30 de junho de 1995


C a r a c t e r í s t i c a s

Deslocamento: 3.900 ton (padrão), 4.400 ton (carregado).
Dimensões: 131.2 m de comprimento, 14.8 m de boca, 6.0 m de calado e 7.5 m de calado máximo.
Propulsão: COGOG (Combined Gas or Gas) com 2 turbinas a gás Rolls-Royce Olympus TM3B de 27.300 shp cada; 2 turbinas a gás Rolls-Royce Tyne RM1A de 4.100 shp cada, acopladas a dois eixos com hélices passo variável.
Eletricidade4 geradores diesel Paxman Ventura 12PA 200CZ de 1.000 kw cada.
Velocidade: máxima de 29 nós (turbinas Olympus), cruzeiro de 18 nós (turbinas Tyne).
Raio de ação: 1.200 milhas náuticas a 29 nós (turbinas Olympus) ou 4.500 a 18 nós (com turbinas Tyne).
Armamento:
Misseis Anti-Navio: 4 lançadores de mísseis superfície-superfície MM 38 Exocet; Alcance: 38km Velocidade: 1100km/h
Misseis Anti-Aéreo: 2 lançadores sêxtuplos de mísseis antiaéreos de defesa de ponto Sea Wolf GWS 25 Mod. 0; Alcance: 5km Velocidade: 2100km/h
Canhões: 2 x Bofors / BAE Systems 40mm /L70 Mod.1958 (1 x) (Calibre: 40mm/Alcance: 12Km)
2 x Rheinmetal Defense 20mm Oerlikon/BMARC GAM-BO1 (Calibre: 20mm/Alcance: 2Km)
Torpedos: 6 x ATK Alliant Techsystems MK-46 mod.5 - sistema de lançamento: lançadores STWS Mk.2
Sensores: 1 radar de vigilância combinada (aérea e de superfície) Marconi Type 967-968; 1 radar de navegação Kelvin-Hughes Type 1006; 2 radares de direção de tiro Marconi Type 910 (GWS 25 Mod.0); 2 ofuscadores laser tipo do tipo DEC; CME Racal Type 670; MAGE MEL UAA-1; 4 lançadores sêxtuplos de chaffs/flares SRBOC Mk 137; sonar de casco Ferranti-Thomson Type 2050, telefone submarino Type 2008 e engodo rebocavel para torpedos Graseby Type 182.
Sistema de Dados Táticos: CAAIS 400, com Link 11 e 14.
Aeronaves: 2 helicópteros Westland AH-11A Super Lynx.
Código Internacional de Chamada: PWGH
Tripulação: 246 homens, sendo 21 oficiais e 225 praças.


As fragatas da classe Greenhalgh, são as quatro primeiras fragatas do tipo 22 da Royal Navy, transferidas para o Brasil em meados dos anos 90. Trata-se das fragatas HMS Broadsword, HMS Brilliant, HMS Brazen e HMS Battleaxe. Estas fragatas substituiram na marinha britânica as fragatas da classe Leander. Na sua construção, houve uma considerável influência do projecto tipo-21, do qual são originárias as fragatas Niterói. Aquando do seu projecto, e para reduzir o peso e deslocamento do navio, optou-se por não colocar nenhuma peça de artilharia, pelo que a sua artilharia mais portente são os canhões de 40mm. Esse erro foi posteriormente corrigido nas sub-classes posteriores deste mesmo tipo de navio, construidos depois da guerra das Malvinas/Falkland.





Na marinha do Brasil estes navios vieram substituir os velhos contra-torpedeiros com funções ASW, que ainda se encontravam ao serviço na marinha do Brasil.

As Greenhalgh, após o projecto ModFrag da classe Niterói, já não são os navios mais modernos da frota brasileira e a sua principal deficiência, além da já referida falta de uma peça de artilharia, é o seu sistema de defesa anti-aérea Sea-Wolf que face ás actuais ameaças, se encontra desactualizado. A marinha do Brasil, prevê igualmente a substituição dos misseis Exocet da versão MM-38, pela mais moderna versão MM-40). No entanto, com as fragatas da classe Niterói e as corvetas Inhaumá, fazem parte da mais poderosa força de escoltas da américa latina.

 Repare que a F46 Greenhalg esta com misseis MM-40 Exocet e não o MM-38 Exocet

MBDA GWS-25 Mod.0/3 «Seawolf»

Embora não existam planos para a substituição destes navios, considerando a sua vida útil, devem ficar ao serviço da marinha brasileira até 2020, ano em que toda a classe já deve ter sido desactivada. Entre as várias possibilidades, está a sua substituição por navios da Royal Navy, como por exemplo as fragatas do tipo 23. 

Apenas uma das fragatas tem instalados os Bofors de 40mm transferidos das fragatas Niterói


Informação
As fragatas Type 22 ou classe Broadswoard foram as sucessoras da classe Leander. A primeira destas fragatas foi incorporada na marinha britânica em 1979 e a primeira série da classe foi constituida por quatro navios.
A principal função dos navios era a luta anti-submarina, pelo que quando foram projectados, pensou-se que não seriam necessários canhões, pelo que as Broadsword não contam com canhões de maior calibre que 20mm e o seu armamento principal é apenas constituido por mísseis anto-navio Exocet e mísseis anti-aéreos Seawolf.
Notou-se a infuência norte-americana, que também tinha construido as fragatas Perry sem pensar na necessidade de um canhão de maior calibre, que acabou por ser incluido no design, por pressão dos setores mais conservadores da marinha norte-americana.

Dois dos navios do primeiro lote das fragatas tipo 22, também conhecidos por classe «Broadsword» estiveram no Atlântico Sul em 1982.
Nos anos 90, os quatro navios foram transferidos para a Marinha do Brasil.

Type 22 «batch 2»
O lento processo de desenvolvimento e as características dos estaleiros levaram ao desenho de uma classe modificada, que ficou conhecida como lote dois (batch 2) en inglês.
Trata-se de navios de maiores dimensões, que continuaram sem um armamento principal de maior calibre.

Type 22 «batch 3»
Já depois da guerra nas Malvinas, a falta do armamento principal foi reconhecida, dando assim lugar ao lote três (batch 3).
Esse terceiro grupo de navios da classe distingue-se por possuir uma torre armada com um canhão de 114,5mm à proa.

Alguns navios do lote II foram vendidos a marinhas estrangeiras. Um foi vendido ao Chile e dois foram vendidos à Roménia.
Estes navios sofreram modificações para lhes instalar uma peça de artilharia de 76mm.
Com os planos britânicos para cortes na defesa, os quatro navios do terceiro lote foram retirados de serviço e colocados na situação de reserva, podendo ser vendidos a outras marinhas.