TRANSPORTES DO MUNDO TODO DE TODOS OS MODELOS: Ucrânia (em ucraniano: Україна, Ukrayina, pronunciado: [ukrɑˈjinɑ]) é um país da Europa Oriental que faz fronteira com a Rússia a leste e nordeste; Bielorrússia a noroeste; Polônia, Eslováquia e Hungria a oeste; Romênia e Moldávia a sudoeste; e Mar Negro e Mar de Azov ao sul e sudeste

28 janeiro 2022

Ucrânia (em ucraniano: Україна, Ukrayina, pronunciado: [ukrɑˈjinɑ]) é um país da Europa Oriental que faz fronteira com a Rússia a leste e nordeste; Bielorrússia a noroeste; Polônia, Eslováquia e Hungria a oeste; Romênia e Moldávia a sudoeste; e Mar Negro e Mar de Azov ao sul e sudeste

 

 Ucrânia (em ucranianoУкраїнаUkrayinapronunciado: [ukrɑˈjinɑ]) é um país da Europa Oriental que faz fronteira com a Rússia a leste e nordeste; Bielorrússia a noroeste; PolôniaEslováquia e Hungria a oeste; Romênia e Moldávia a sudoeste; e Mar Negro e Mar de Azov ao sul e sudeste


Україна
Ukrayina

Ucrânia
Bandeira da Ucrânia
Brasão de armas da Ucrânia
BandeiraBrasão de armas
Lema"Volia, Zlahoda, Dobro"
(ucraniano: Liberdade, Concordância, Bondade)
Hino nacionalЩе не вмерла України ні слава, ні воля
(Shche ne vmerla Ukrayiny ni slava, ni volya)
"A glória da Ucrânia ainda não pereceu, nem a sua liberdade"
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GentílicoUcraniano(a)

Localização Ucrânia

Localização da Ucrânia (em verde)
Território disputado da Crimeia (em verde-claro)
No continente europeu (em cinza-escuro)
CapitalQuieve
44°52'N 22°40'O
Cidade mais populosaQuieve ou Kiev
Língua oficialucraniano
GovernoRepública constitucional semipresidencialista
 - PresidenteVladimir Zelenski
 - Primeiro-ministroDenys Shmygal
 - Presidente do ParlamentoDmytro Razumkov
Independênciada União Soviética 
 - Declarada24 de agosto de 1991 
 - Reconhecida25 de dezembro de 1991 
Área 
 - Total603 628 km² (43.º)
 - Água (%)7
 FronteiraRússia
Bielorrússia
Polónia
Eslováquia
Hungria
Moldávia
Roménia
População 
 - Estimativa para 2019
(excluindo a Crimeia e Sebastopol)
42 030 832[1] hab. (32.º)
 - Censo 200148 457 102 hab. 
 - Densidade76 hab./km² (115.º)
PIB (base PPC)Estimativa de 2013
 - TotalUS$ 337,360 bilhões*[2] 
 - Per capitaUS$ 7 422[2] 
PIB (nominal)Estimativa de 2013
 - TotalUS$ 175,527 bilhões*[2] 
 - Per capitaUS$ 3 862[2] 
IDH (2019)0,779 (74.º) – alto[3]
Gini (2010)25,6/0.246[4] 
MoedaGrívnia (UAH)
Fuso horárioEET (UTC+2)
 - Verão (DST)EEST (UTC+3)
Cód. Internet.ua
Cód. telef.+380
Website governamentalwww.kmu.gov.ua/en

Mapa Ucrânia

Ucrânia (em ucranianoУкраїнаUkrayinapronunciado: [ukrɑˈjinɑ]) é um país da Europa Oriental que faz fronteira com a Rússia a leste e nordeste; Bielorrússia a noroeste; PolôniaEslováquia e Hungria a oeste; Romênia e Moldávia a sudoeste; e Mar Negro e Mar de Azov ao sul e sudeste, respectivamente. O país possui um território que compreende uma área de 603 628 quilômetros quadrados, o que o torna o maior país totalmente no continente europeu.[5][6][7]

O território ucraniano começou a ser habitado há cerca de 4 mil anos[8] e acredita-se que a região seja o lar da domesticação do cavalo[9] e da família de línguas indo-europeias.[10] Na Idade Média, a nação se tornou um polo da cultura dos eslavos do leste, conhecido como a poderosa Rússia de Quieve. Após a sua fragmentação no século XIII, a Ucrânia foi invadida, governada e dividida por uma variedade de povos. Uma república cossaca surgiu e prosperou durante os séculos XVII e XVIII, mas a nação permaneceu dividida até sua consolidação em uma república soviética no século XX. Tornou-se um Estado-nação independente apenas em 1991.

A Ucrânia é considerada o "celeiro da Europa" devido à fertilidade de suas terras. Em 2011, o país era o terceiro maior exportador de grãos do mundo, com uma safra muito acima da média.[11] A Ucrânia é uma das dez regiões mais atraentes para a compra de terras agrícolas no mundo.[12] Além disso, tem um setor de manufatura bem desenvolvido, especialmente na área de aeronáutica e de equipamentos industriais.

O país é um Estado unitário composto por 24 oblasts (províncias), uma república autônoma (Crimeia) e duas cidades com estatuto especial: Quieve, a capital e maior cidade, e Sebastopol, que abriga a Frota do Mar Negro da Rússia sob um contrato de leasing. A Ucrânia é uma república sob um sistema semipresidencial com separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário. Desde a dissolução da União Soviética, o país continua a manter o segundo maior exército da Europa, depois da Rússia. O país é o lar de 42 milhões de pessoas,[1] 77,8% dos quais são ucranianos étnicos, com minorias de russos (17%), bielorrussos e romenos. O ucraniano é a língua oficial e o seu alfabeto é cirílico. O russo também é muito falado. A religião dominante é o cristianismo ortodoxo oriental, que influenciou fortemente a arquitetura, a literatura e a música do país.


Possivelmente, o nome Ucrânia provém da palavra eslava fronteira, eis que, em russo e polonês, se chamava a região de "Ukraina" ou "Ukrainian". Assim era conhecida a região da fronteira sul entre Polônia e Rússia.[13][14]

História

Ver artigo principal: História da Ucrânia

Idade de ouro em Quieve (800 - 1100)

Ver artigo principal: Rússia de Quieve
Rússia de Quieve no século XI. Durante a idade de ouro de Quieve, as terras do principado alcançavam grande parte das atuais Ucrânia, Bielorrússia e Rússia europeia

Durante os séculos IX, X, XI e XII o território da Ucrânia tornou-se o centro de um Estado poderoso e prestigioso na Europa, a Rússia de Quieve, o que estabeleceu a base das identidades nacionais ucraniana e das demais nações eslavas orientais nos séculos subsequentes. A capital do principado era Quieve, conquistada aos czares por Ascoldo e Dir por volta de 860. Conforme a Crônica de Nestor, a elite do principado era inicialmente formada por varegues provenientes da Escandinávia que foram mais tarde assimilados à população local de modo a formar a dinastia ruríquida.

A Rússia de Quieve era formado por diversos domínios governados por príncipes ruríquidas aparentados. Quieve, o mais influente de todos os domínios, era cobiçado pelos diversos membros da dinastia, o que levava a enfrentamentos frequentes e sangrentos. A era dourada do principado coincide com os reinados de Vladimir, o Grande (r. 980–1015), que aproximou o seu Estado do cristianismo bizantino, e seu filho Jaroslau I, o Sábio (1019-1054), que viu o principado atingir o ápice cultural e militar. O processo de fragmentação que se seguiu foi interrompido, em alguma medida, pelos reinados de Vladimir Monômaco (1113-1125) e de seu filho, o príncipe Mistislau I (r. 1125–1132), mas o território terminou por desintegrar-se em entidades separadas após a morte do último. A invasão mongol do século XIII desferiu ao principado o golpe de misericórdia, do qual nunca se recuperaria.

Comunidade Polaco-Lituana (1300 - 1600)

Ver artigo principal: Comunidade Polaco-Lituana
União de Lublim de 1569, por Jan Matejko, 1869, óleo sobre tela, Museu Nacional, Varsóvia

Na região correspondente ao atual território da Ucrânia, sucederam a Rússia de Quieve os principados de Galícia e de Volínia, posteriormente fundidos no Reino da Galícia-Volínia, liderado por Daniel da Rutênia. Em meados do século XIV, o Estado foi conquistado por Casimiro IV da Polônia, enquanto que o cerne da antiga Rússia de Quieve - inclusive a cidade de Quieve - passou ao controle do Grão-Ducado da Lituânia. O casamento do grão-duque Jagelão da Lituânia com a rainha Edviges da Polônia pôs sob controle dos soberanos lituanos a maior parte do território ucraniano.

Por força da União de Lublim, de 1569, que criou a Comunidade Polaco-Lituana, uma porção considerável do território ucraniano passou do controle lituano para o polonês, transferido para a coroa da Polônia. Sob pressão de um processo de "polonização", a maior parte da elite rutena (isto é, eslava ou eslavizada, mesmo que de origem lituana) converteu-se ao catolicismo. O povo, porém, manteve-se fiel à Igreja Ortodoxa, o que levou ao surgimento de tensões sociais demonstradas, por exemplo, pela União de Brest, de 1596, pela qual Sigismundo III Vasa tentou criar uma Igreja Católica Grega Ucraniana vinculada à Igreja Católica Romana. Os plebeus ucranianos, vendo-se sem a proteção da nobreza rutena - cada vez mais convertida ao catolicismo romano - voltaram-se para os cossacos (fervorosamente ortodoxos) em busca de segurança.

Cossacos (1600 - 1800)

Após a invasão mongol da Rússia, grande parte da Ucrânia foi controlada pelo Grão-Ducado da Lituânia e, após a União de Lublin (1569), pela Polônia dentro da Comunidade Polaco-Lituana, ilustrada aqui em 1619.

Em meados do século XVII, um quase-Estado cossaco, o Zaporozhian Sich, foi criado pelos cossacos do Dniepre e pelos camponeses rutenos que fugiam da servidão polonesa. A Polônia não tinha o controle efetivo daquela área, hoje no centro da Ucrânia, que se tornou então um Estado autônomo militarizado, ocasionalmente aliado à comunidade. Entretanto, a servidão do campesinato pela nobreza polonesa, a ênfase da economia agrária da Comunidade na exploração da mão de obra servil e, talvez a razão mais importante, a supressão da fé ortodoxa terminaram por afastar os cossacos e a Polônia. Assim, os cossacos voltaram-se para a Igreja Ortodoxa Russa, o que levaria finalmente à queda da Comunidade Polaco-Lituana.

A grande rebelião cossaca de 1648 contra a comunidade e contra o rei polonês João II Casimiro levou à partilha da Ucrânia entre a Polônia e a Rússia, após o tratado de Pereyaslav e a guerra entre Rússia e Polônia. Com as partilhas da Polônia no final do século XVIII entre a Prússia, a Áustria e a Rússia, o território correspondente à atual Ucrânia foi dividido entre o Império Austríaco e o Império Russo, aquele anexando a Ucrânia Ocidental (com o nome de província da Galícia), este incorporando o restante do território ucraniano.

Em que pese o fato de que as promessas de autonomia da Ucrânia conferidas pelo tratado de Pereyaslav nunca se materializaram, os ucranianos tiveram um papel importante no seio do Império Russo, participando das guerras contra as monarquias europeias orientais e o Império Otomano e ascendendo por vezes aos mais altos postos da administração imperial e eclesiástica russa. Posteriormente, o regime czarista passou a executar uma dura política de "russificação", proibindo o uso da língua ucraniana nas publicações e em público.


Soldados do Exército Insurgente da Ucrânia em 1917

O colapso do Império Russo e do Império Austro-Húngaro após a Primeira Guerra Mundial, bem como a Revolução Russa de 1917, permitiram o ressurgimento do movimento nacional ucraniano em prol da autodeterminação. Entre 1917 e 1920, diversos estados ucranianos se declararam independentes: o Rada Central, o Hetmanato, o Diretório, a República Popular Ucraniana e a República Popular Ucraniana Ocidental. Contudo, a derrota daquela última na Guerra Polaco-Ucraniana e o fracasso polonês na Ofensiva de Quieve (1920) da Guerra Polaco-Soviética fizeram com que a Paz de Riga, celebrada entre a Polônia e os bolcheviques em março de 1921, voltasse a dividir a Ucrânia. A porção ocidental foi incorporada à nova Segunda República Polonesa e a parte maior, no centro e no leste, transformou-se na República Socialista Soviética Ucraniana em março de 1919, posteriormente unida à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, quando esta foi criada, em dezembro de 1922.

O ideal nacional ucraniano sobreviveu durante os primeiros anos sob os soviéticos. A cultura e a língua ucranianas conheceram um florescimento quando da adoção da política soviética de nacionalidades. Seus ganhos foram postos a perder com as mudanças políticas dos anos 1930.

Vítima do Holodomor numa rua da cidade ucraniana de Kharkiv, em 1932

industrialização soviética teve início da Ucrânia a partir do final dos anos 1920, o que levou a produção industrial do país a quadruplicar nos anos 1930. O processo impôs um custo elevado ao campesinato, demograficamente a espinha dorsal da nação ucraniana. Para atender a necessidade de maiores suprimentos de alimentos e para financiar a industrialização, Josef Stálin e Lazar Kaganovitch estabeleceram um programa de coletivização da agricultura pelo qual o Estado combinava as terras e rebanhos dos camponeses em fazendas coletivas. O processo era garantido pela atuação dos militares e da polícia secreta: os que resistiam eram presos e deportados. Os camponeses viam-se obrigados a lidar com os efeitos devastadores da coletivização sobre a produtividade agrícola e as exigências de quotas de produção ampliadas. Tendo em vista que os integrantes das fazendas coletivas não estavam autorizados a receber grãos até completaram as suas impossíveis quotas de produção, a fome tornou-se generalizada. Este processo histórico, conhecido como Holodomor (ou Genocídio Ucraniano), levou milhões de pessoas a morrerem de fome.

Na mesma época, os soviéticos acusaram a elite política e cultural ucraniana de "desvios nacionalistas", quando as políticas de nacionalidades foram revertidas no início dos anos 1930. Duas ondas de expurgos (1929-1934 e 1936-1938) resultaram na eliminação de quatro-quintos da elite cultural da Ucrânia.

Segunda Guerra Mundial

Quieve em ruínas durante a Segunda Guerra Mundial. A cidade foi ocupada pela Alemanha nazista entre 1941 e 1943

Durante a Segunda Guerra Mundial, alguns membros do subterrâneo nacionalista ucraniano lutaram contra nazistas e soviéticos, indistintamente, enquanto que outros colaboravam com ambos os lados. Em 1941, os invasores alemães e seus aliados do Eixo avançaram contra o Exército Vermelho. No cerco de Quieve, a cidade foi designada pelos soviéticos como "Cidade Heroica" pela feroz resistência do Exército Vermelho e da população local. Mais de 660 000 soldados soviéticos foram capturados ali.[15][16]

De início, os alemães foram recebidos como libertadores por muitos ucranianos na Ucrânia Ocidental. Entretanto, o controle alemão sobre os territórios ocupados não se preocupou em explorar o descontentamento ucraniano com as políticas soviéticas; ao revés, manteve as fazendas coletivas, executaram uma política de genocídio contra judeus e de deportação para trabalhar na Alemanha (ver: Holocausto na Ucrânia). Dessa forma, a maioria da população nos territórios ocupados passou a opor-se aos nazistas.[15]

As perdas totais civis durante a guerra e a ocupação alemã na Ucrânia são estimadas entre cinco e oito milhões de pessoas, inclusive mais de meio milhão de judeus. Dos onze milhões de soldados soviéticos mortos em batalha, cerca de um-quarto eram ucranianos étnicos.[16]

Com o término da Segunda Guerra Mundial, as fronteiras da Ucrânia soviética foram ampliadas na direção oeste, unindo a maior parte dos ucranianos sob uma única entidade política. A maioria da população não ucraniana dos territórios anexados foi deportada. Após a guerra, a Ucrânia tornou-se membro das Nações Unidas.[16]

Acidente nuclear de Chernobil

Ver artigo principal: Acidente nuclear de Chernobil

Entre os dias 25 e 26 de abril de 1986, o reator nuclear nº 4 da Usina Nuclear de Chernobil explodiu após um teste de rotina, perto da cidade de Pripyat, no norte da República Socialista Soviética da Ucrânia, próxima da fronteira com a República Socialista Soviética da Bielorrússia, ambas parte da União Soviética.[17] Uma combinação de falhas inerentes no projeto do reator, bem como dos operadores dos reatores que organizaram o núcleo de uma maneira contrária à lista de verificação para o teste, resultou em condições de reação descontroladas. A água superaquecida foi instantaneamente transformada em vapor, causando uma explosão de vapor destrutiva e um subsequente incêndio que jogou grafite ao ar livre[18] e produziu correntes ascendentes consideráveis ​​por cerca de nove dias.[19] O fogo foi finalmente contido em 4 de maio de 1986.[20] As plumas de produtos de fissão lançadas na atmosfera pelo incêndio precipitaram-se sobre partes da União Soviética e da Europa Ocidental. O inventário radioativo estimado que foi liberado durante a fase mais quente do incêndio foi aproximadamente igual em magnitude aos produtos de fissão aerotransportados liberados na explosão inicial.[21]

O número total de vítimas, incluindo os mortos devido ao desastre, continua a ser uma questão controversa e disputada.[22] Durante o acidente, os efeitos da explosão de vapor causaram duas mortes dentro da instalação: uma imediatamente após a explosão e a por uma dose letal de radiação. Nos próximos dias e semanas, 134 militares foram hospitalizados com síndrome aguda da radiação (SAR), dos quais 28 bombeiros e funcionários morreram em meses.[23] Além disso, cerca de quatorze mortes por câncer induzido por radiação entre esse grupo de 134 sobreviventes ocorreram nos dez anos seguintes.[24] Entre a população em geral, um excedente de 15 mortes infantis por câncer de tireoide foi documentado em 2011.[25][26] A catástrofe de Chernobil é considerada o acidente nuclear mais desastroso da história, tanto em termos de custo quanto de baixas. É um dos dois únicos acidentes de energia nuclear classificados como um evento de nível 7 (a classificação máxima) na Escala Internacional de Acidentes Nucleares, sendo o outro o acidente nuclear de Fukushima I, no Japão, em 2011.[27]

Independência

Presidente ucraniano Leonid Kravtchuk e Boris Iéltsin assinando o Pacto de Belaveja, que tornava a Ucrânia independente

colapso da União Soviética em 1991 permitiu a convocação de um referendo que resultou na proclamação da independência da Ucrânia. Após isso, o país experimentou uma profunda desaceleração econômica, maior do que a de algumas das outras ex-repúblicas soviéticas. Durante a recessão, a Ucrânia perdeu 60% do seu PIB entre 1991 e 1999,[28][29] além de ter sofrido com taxas de inflação de cinco dígitos.[30] Insatisfeitos com as condições econômicas, bem como as taxas de crime e corrupção, os ucranianos protestaram e organizaram greves.[31]

economia ucraniana estabilizou-se até o final da década de 1990. A nova moeda, o hryvnia, foi introduzida em 1996. Desde 2000, o país teve um crescimento econômico real constante, com média de expansão do PIB de cerca de 7% ao ano.[32]

A nova constituição ucraniana, que foi adotada durante o governo do presidente Leonid Kuchma em 1996, acabou por tornar a Ucrânia uma república semipresidencial e estabeleceu um sistema político estável. Kuchma foi, no entanto, criticado por adversários por corrupção, fraude eleitoral, desestimulação da liberdade de expressão e muita concentração de poder em seu cargo. Ele também transferiu, por várias vezes, propriedades públicas para as mãos de oligarcas fiéis a ele.[33]

Revolução Laranja

Ver artigo principal: Revolução Laranja
Manifestantes na Praça da Independência (Maidan Nezalejnosti), no primeiro dia da Revolução Laranja

Em 2004, Viktor Yanukovych, então primeiro-ministro, foi declarado vencedor das eleições presidenciais, que tinham sido largamente manipuladas, como o Supremo Tribunal da Ucrânia constatou mais tarde.[34] Os resultados causaram um clamor público em apoio ao candidato da oposição, Viktor Yushchenko, que desafiou o resultado oficial do pleito. Isto resultou na pacífica Revolução Laranja, a qual foi reprimida violentamente, mas que trouxe Viktor Yushchenko e Yulia Tymoshenko ao poder, enquanto lançou Viktor Yanukovych à oposição.[35]

Yanukovych retornou a uma posição de poder em 2006, quando se tornou primeiro-ministro da Aliança de Unidade Nacional,[36] até que eleições antecipadas em setembro de 2007 tornaram Tymoshenko primeira-ministra novamente.[37]

Disputas com a Rússia sobre dívidas de gás natural interromperam brevemente todos os fornecimentos de gás à Ucrânia em 2006 e novamente em 2009, levando à escassez do produto em vários outros países europeus.[38][39] Viktor Yanukovych foi novamente eleito presidente em 2010, com 48% dos votos.[40]

Euromaidan

Ver artigos principais: Euromaidan e Revolução Ucraniana de 2014
Manifestantes do Euromaidan em Kiev em 18 de fevereiro de 2014

O protestos do Euromaidan começaram em novembro de 2013, quando os cidadãos ucranianos exigiram uma maior integração do país com a União Europeia (UE).[41][42] As manifestações foram provocadas pela recusa do governo ucraniano em assinar um acordo de associação com a UE, que Yanukovych descreveu como sendo desvantajoso para a Ucrânia. Com o tempo, o movimento Euromaidan promoveu uma onda de grandes manifestações e agitação civil por todo o país, o contexto que evoluiu para incluir clamores pela renúncia do presidente Yanukovich e de seu governo.[43]

A violência intensificou-se depois de 16 de janeiro de 2014, quando o governo aceitou as leis Bondarenko-Oliynyk, também conhecidas como leis antiprotestos. Os manifestantes antigoverno então ocuparam edifícios do centro de Quieve, incluindo o prédio do Ministério da Justiça, e tumultos deixaram 98 mortos e milhares de feridos entre os dias 18 e 20 fevereiro.[44][45] Em 22 de fevereiro de 2014, o Parlamento da Ucrânia destituiu Yanukovych por considerar o presidente incapaz de cumprir seus deveres e definiu uma eleição para 25 de maio para selecionar o seu substituto.[46]

Os resultados da eleição de 25 de maio de 2014 foram considerados pelo The New York Times como "uma vitória decisiva na eleição presidencial ucraniana" para Petro Poroshenko. Esse venceu com uma plataforma pró-União Europeia, ganhando com mais de 50% dos votos e, portanto, sem a necessidade de um segundo turno com Iúlia Timochenko, que durante a eleição só foi capaz de reunir menos de um terço de seu número de votos.[47] Poroshenko anunciou que suas prioridades imediatas seriam tomar medidas no conflito civil no leste da Ucrânia e reatar os laços diplomáticos com a Rússia.


Protesto pró-Rússia na cidade de Donetsk em 9 de março de 2014

Após o colapso do governo de Yanukovych e a revolução resultante, em fevereiro de 2014 uma crise de secessão começou na península da Crimeia, território ucraniano que tem um número significativo de russófonos. Em 1 de março de 2014 o presidente ucraniano exilado, Viktor Yanukovich, pediu que a Rússia usasse forças militares "para estabelecer a legitimidade, a paz, a lei e a ordem para defender o povo da Ucrânia".[48] No mesmo dia, Putin pediu e recebeu autorização da parlamento russo para implantar tropas militares na Ucrânia e acabou por assumir o controle da Crimeia no dia seguinte.[49][50][51][52] Além disso, a OTAN foi considerada pela maioria dos russos como uma invasora de suas fronteiras nacionais. Isso pesou muito na decisão de Moscou de tomar medidas para proteger seu porto localizado no Mar Negro, na Crimeia.[53]

Em 6 de março de 2014 o parlamento da Crimeia aprovou a decisão de "entrar para a Federação Russa, com os direitos de uma entidade da Federação Russa" e mais tarde realizou um referendo popular perguntando à população local se queriam juntar-se ao território russo como uma unidade federal ou se queriam restaurar a constituição de 1992 da Crimeia e seu status como parte da Ucrânia.[54]

Soldados ucranianos na região leste do país

Embora tenha sido aprovada por uma esmagadora maioria, a votação não foi monitorada por terceiros e os resultados são contestados por vários países.[55][56][57] Crimeia e Sevastopol declararam formalmente a sua independência política sob o nome de República da Crimea e pediram que eles fossem admitidos como membros constituintes da Federação Russa.[58] Em 18 de março de 2014, a Rússia e a Crimeia assinaram um tratado de adesão da República da Crimeia e de Sevastopol à Federação Russa, apesar da Assembleia Geral das Nações Unidas ter votado a favor de uma declaração não vinculativa para se opor a anexação russa da península.[59]

Uma agitação popular também começou nas regiões leste e sul do país. Em várias cidades dessas regiões, como Donetsk e Lugansk, homens armados que declararam-se como uma milícia local, ocuparam prédios do governo e delegacias policiais. Conversas em Genebra, na Suíça, entre União Europeia, Rússia, Ucrânia e Estados Unidos produziram uma declaração diplomática conjunta referida como Pacto de Genebra de 2014,[60] em que as partes solicitaram que todas as milícias ilegais[61] depusessem suas armas e desocupassem os prédios públicos tomados, além de estabelecer um diálogo político que poderia levar a uma maior autonomia para as regiões ucranianas.

Geografia

Ver artigo principal: Geografia da Ucrânia
Bay of Laspi
A Baía de Laspi no litoral do Mar Negro, na Crimeia
Ai-Petri
Ai-Petri tem 1234,2 metros de altura.[62]

Com uma área de 603 700 km², a Ucrânia é o 44.° país do mundo em território, um pouco maior que o estado brasileiro de Minas Gerais ou que a soma das áreas da Espanha e de Portugal. É o segundo maior país da Europa, atrás da Rússia Europeia e à frente da França metropolitana.

A paisagem ucraniana é formada principalmente por planícies férteis ou estepes, e planaltos, atravessados por rios como o DniepreDonetsDniester e o rio Bug Meridional, que correm na direção sul e escoam no mar Negro e no pequeno mar de Azov. A sudoeste, o delta do Danúbio serve de fronteira com a Romênia. Só se encontram montanhas a oeste, a cordilheira dos Cárpatos, cujo ponto culminante é o Hora Hoverla (2 061 m), e no sudeste da península da Crimeia, as cordilheiras.

Recursos naturais significativos na Ucrânia incluem minério de ferrocarvãomanganêsgás naturalpetróleosalenxofregrafitetitâniomagnésiocaulimníquelmercúriomadeira e uma grande abundância de terras aráveis. Apesar disso, o país enfrenta uma série de importantes questões ambientais, tais como suprimentos inadequados de água potável, poluição do ar e da água e desmatamento, bem como a contaminação por radiação no nordeste do país, por conta do acidente nuclear de Chernobil, em 1986. A reciclagem de lixo doméstico tóxico ainda está em processos iniciais na Ucrânia.[63]

Clima

O clima da Ucrânia é, em sua maior parte, temperado continental, embora se possa encontrar um clima mediterrâneo na costa meridional da Crimeia. A precipitação é maior no oeste e no norte e menor no leste e no sudeste. Os invernos são particularmente frios no interior; nos verões são particularmente quentes no sul.

Demografia

População da Ucrânia (em milhões) de 1950 a 2009[64][65]

Conforme o censo ucraniano de 2001, os ucranianos étnicos somam 77,8% da população. As minorias incluem grupos étnicos significativos de russos (17,3%), romenos (0,8%), bielorrussos (0,6%), tártaros da Crimeia (0,5%), búlgaros (0,4%), húngaros (0,3%), poloneses (0,3%), judeus (0,2%), armênios (0,2%), gregos (0,2%) e tártaros (0,2%).

russo é amplamente falado, em especial no leste e no sul do país. Segundo o censo, 67,5% da população declararam falar o ucraniano como língua materna, contra 29,6% que falam o russo como primeira língua. Algumas pessoas usam uma mistura dos dois idiomas, enquanto que outras, embora declarem ter o ucraniano como língua materna, usam o russo correntemente. O ucraniano literário é mais usado na Ucrânia ocidental e central, enquanto que o russo predomina nas cidades da Ucrânia oriental e meridional. O governo promove uma política de "ucranização", com o emprego do ucraniano em escolas, repartições públicas e parte da mídia, normalmente às expensas do russo; no cotidiano, porém, as pessoas são livres para falar qualquer idioma. Na prática, a maioria da população é bilíngue ou trilíngue, como no caso dos Tártaros da Crimeia, que vivem na região meridional da Ucrânia, empregando o tártaro, o ucraniano e também podendo empregar o russo. A significativa minoria romena e moldávia localiza-se principalmente no Oblast de Chernivtsi.

Devido aos baixos salários e ao desemprego, houve considerável grau de emigração a partir do final dos anos 1990. Embora as estimativas variem, cerca de dois a três milhões de ucranianos residem e trabalham no exterior, em sua maior parte ilegalmente. Segundo estimativas da Embaixada da Ucrânia em Brasília, há cerca de 500 000 ucranianos e seus descendentes no Brasil, concentrados principalmente no estado do Paraná (90%), provenientes de duas levas de emigração, a primeira no final do século XIX, para trabalhar na agricultura, e a segunda no início do século XX, como mão de obra na construção ferroviária. Em Portugal, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras divulgou em 2001 que há 40 000 ucranianos no país. Mas esse número pode ser superior, já que existem imigrantes ilegais. A imigração ucraniana tem sido importante para aumentar a população jovem de Portugal e preencher postos de trabalho que a maioria dos portugueses prefere não ocupar. A maioria dos ucranianos - muitos com educação superior - trabalha em obras públicas e em serviços de limpeza. Portugal já reconhece diplomas ucranianos.[carece de fontes]

Urbanização

As regiões industriais a leste e sudeste são as mais densamente habitadas. Cerca de 67,2% da população vive em área urbana. As principais cidades do país (por população) são QuieveCarcóviaDniproOdessaDonetskZaporíjia e Lviv.

Religião

Edifícios de um antigo colégio jesuíta, Kremenets, oblast de Ternopil, Ucrânia

religião predominante na Ucrânia é o cristianismo ortodoxo oriental, atualmente dividido em três denominações: Igreja Ortodoxa Ucraniana, vinculada ao Patriarcado de Moscovo, é a maior existente com 7 540 paróquias segundo estatísticas do governo (mas não se tem a certeza se é a mais numerosa); Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Quieve, a segunda maior do país (em termos do número de circunscrições eclesiásticas) com 21 dioceses, 14 mosteiros e 1 977 paróquias; Igreja Ortodoxa Autocéfala Ucraniana.

Em segundo lugar, bem mais atrás, vem a Igreja Greco-Católica Ucraniana de Rito Oriental, que mantém uma tradição espiritual e litúrgica semelhante à da ortodoxia oriental, mas está em comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana e reconhece a primazia do Papa. Há grupos menores de católicos romanos, protestantesjudeus e muçulmanos. Segundo os resultados do censo de 2001, a população dividia-se da seguinte maneira: 83,7% de cristãos (54,3% de ortodoxos, 16,9% de independentes, 11,1% de católicos romanos, sendo 8,0% de greco-católicos ucranianos e 3,1% de católicos latinos), 2,7% de protestantes e 0,7% de outros; 10,9% de não religiosos; 4,0% de ateus; 1,7% de muçulmanos e 0,4% de judeus.[67]

Um outro censo, no entanto, indica que a população está dividida da seguinte maneira: 50,4% de ortodoxos pertencentes à Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Quieve; 26,1% de ortodoxos pertencentes à Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscovo; 7,2% de ortodoxos pertencentes à Igreja Ortodoxa Autocéfala Ucraniana; 10,2% de católicos romanos (8,0% de greco-católicos ucranianos e 2,2% de católicos latinos); 2,2% de protestantes; 0,6% de judeus e 3,2% de outros (incluindo os ateus).[68]

Idiomas

De acordo com a Constituição, a língua oficial da Ucrânia é o ucraniano. O russo, que era a língua de facto oficial da União Soviética, é amplamente falado, especialmente no Oriente e no Sul. De acordo com o recenseamento de 2001, 67,5% da população declarou o ucraniano como língua nativa e 29,6% declararam o russo.156 A maioria dos ucranianos nativos usa o russo como segunda língua.[69]

O ucraniano é falado principalmente na parte ocidental e central do país. No oeste da Ucrânia, o ucraniano também é a língua dominante nas cidades, como é o caso de Lviv, ao lado da fronteira polonesa. No centro da Ucrânia, o ucraniano e o russo são igualmente utilizados pela população urbana, como também na capital, Quieve. O ucraniano é a língua predominante nas comunidades rurais, enquanto o russo prevalece no sul do país e na Crimeia.[70][71]

Durante grande parte da era soviética, o número de falantes do idioma ucraniano diminuiu de geração em geração e, em meados da década de 1980, o uso da língua ucraniana na vida pública tinha diminuído significativamente.[72] Após a independência, o governo da Ucrânia começou uma política de "ucranização"[73] para aumentar o uso do ucraniano, enquanto diminuía o uso do idioma russo, sendo este proibido ou censurado nos meios de comunicação e em filmes nacionais. Isso significava que os programas em russo precisavam de dublagem do ucraniano ou de legendas, excluindo as filmagens feitas na era soviética.[74][75]

De acordo com a Constituição da República Autônoma da Crimeia, o ucraniano é a única língua oficial. No entanto, a Constituição da República reconhece especificamente o russo como a língua falada pela maioria da população e garante o seu uso "em todas as esferas da vida pública". Ela também garante que o idioma tártato da Crimeia (falado por 11,4% da população da Crimeia) tenha especial proteção do Estado, assim como as "línguas de outros grupos étnicos", sem especificação desta última.[76] Os falantes de russo constituem a esmagadora maioria da população da Crimeia (77%), enquanto falantes do ucraniano compreendem apenas 10,1% e falantes do tártaro da Crimeia 11,4%.


Prédio do Governo em Kiev.

A Ucrânia é uma república com um sistema de governo semipresidencial e poderes legislativoexecutivo e judiciário separados. O presidente da república é eleito pelo voto direto e detém as funções de chefe de Estado. O primeiro-ministro é designado e demitido pelo parlamento, chamado Verkhovna Rada, com 450 assentos. O parlamento também designa o gabinete. O presidente indica os chefes dos governos regionais e distritais, com a anuência do primeiro-ministro.

As leis, decisões do parlamento e do gabinete, decretos presidenciais e decisões do parlamento da República Autônoma da Crimeia podem ser anuladas pelo Tribunal Constitucional da Ucrânia em caso de violação da constituição do país. Outros atos normativos estão sujeitos a apreciação judicial. O Supremo Tribunal da Ucrânia é o principal órgão judicial da Justiça comum.

O auto-governo local é oficialmente garantido; as câmaras de vereadores e os prefeitos municipais são eleitos pelo voto direto e controlam o orçamento local.

Há um grande número de partidos políticos organizados na Ucrânia, muitos dos quais possuem pequeno número de membros e são desconhecidos do público. As agremiações pequenas usualmente se unem em coalizões para participar das eleições parlamentares.

Forças Armadas

Ver artigo principal: Forças Armadas da Ucrânia
Blindados e aeronaves das forças armadas ucranianas

Após o colapso da União Soviética, a Ucrânia herdou uma força militar de 780 mil soldados no seu território, equipado com o maior arsenal de armas nucleares no mundo.[78][79]

No entanto, em maio de 1992, a Ucrânia assinou o Tratado de Redução Estratégica de Armas (START I), no qual comprometeu-se a entregar todas as suas armas nucleares à Rússia para eliminação e se juntar ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Em 1994, a Ucrânia ratificou o tratado e, em 1996, estava livre de armas nucleares.[78]

Durante a anexação da Crimeia e a guerra civil no leste, em 2014, as forças ucranianas foram duramente criticadas por falta de profissionalismo e incompetência em combate. Porém, com apoio do Ocidente (especialmente dos Estaods Unidos e da OTAN), as forças armadas da Ucrânia começaram a se armar e reorganizar e em 2019, eles já estavam em uma melhor posição que meia década antes. Boa parte do antigo equipamento soviético foi modernizado e a indústria bélica nacional revitalizada, com armamentos vindos do Ocidente, como blindados, armas anti-tanque e munição, além de auxílio no treinamento de recrutas.[80]

Em 2019, as forças armadas ucranianas, suas milícias, guarda nacional e batalhões de defesa contam com mais de 405 000 militares em suas fileiras (metade do exército).[81]

Subdivisões

Mapa político da Ucrânia
Ver artigo principal: Subdivisões da Ucrânia

O sistema de organização territorial da Ucrânia reflete a situação do país como um estado unitário (o que está contido na constituição) com os regimes jurídicos e administrativos unificados para cada subdivisão.

A Ucrânia é dividida em 24 oblasts. Além disso, a cidade de Quieve, a capital, possui um estatuto jurídico especial. Os 24 oblasts e a Crimeia são subdivididas em 490 raions (distritos) ou unidades administrativas de segundo nível. A área média de um raion ucraniano é de 1 200 km², enquanto a população média de um raion é de 52 mil habitantes.[82]

As áreas urbanas (cidades) podem ser subordinadas ao Estado, ou às administrações da região e raions, dependendo da sua população e importância socioeconômica. As unidades administrativas inferiores incluem assentamentos de tipo urbano, que são semelhantes às comunidades rurais, mas mais urbanizados, onde existem empresas industriais, serviços educacionais, redes de transporte. Finalmente, existem comunidades ou aldeias rurais.[82]

Anteriormente, o território da Ucrânia moderna estava sob o domínio de vários reinos e principados, que originaram uma divisão posterior do país em várias regiões, que não têm validade administrativa, mas têm importância na identidade de seus habitantes e são usados por historiadores e etnógrafos.[83] No total, existem 457 cidades na Ucrânia, das quais 176 são administradas por oblasts, 279 por raions e duas têm status legal especial. Existem, ainda, 886 assentamentos de tipo urbano e 28 552 aldeias.[82]

Economia

Ver artigo principal: Economia da Ucrânia
O ucraniano Antonov An-225 Mriya é a maior aeronave já construída

Nos tempos soviéticos, a economia da Ucrânia foi a segunda maior da União Soviética, sendo um componente importante da atividade industrial e agrícola na economia centralmente planejada do país. Com o colapso do sistema soviético, o país passou de uma economia planejada para uma economia de mercado. O processo de transição foi difícil para o meio social ucraniano, com índices de pobreza aumentando no país.[84] A economia ucraniana contraiu severamente nos anos que se seguiram ao colapso soviético. Um grande número de habitantes da área rural sobreviveu graças ao cultivo de sua própria alimentação, muitas vezes trabalhando em dois ou mais empregos e cobrindo as necessidades básicas através da economia de troca.[85]

Em 1991, o governo liberalizou a maioria dos preços para combater a escassez generalizada de produtos e conseguiu superar o problema. Ao mesmo tempo, o governo continuou a conceder subsídio a empresas paraestatais e agricultura por meio da emissão monetária. As políticas monetárias do início da década de 1990 levaram a inflação do país para níveis de hiperinflação; desta forma, a Ucrânia ganhou o recorde mundial de inflação em um ano natural (1993).[86] As pessoas que viviam em renda fixa foram as mais afetadas.[85] Os preços se estabilizaram somente após a introdução da nova moeda, a grívnia (UAH) em 1996. O país também foi lento na implementação das reformas estruturais. Após a independência, o governo criou um quadro legal para a privatização, mas a resistência generalizada à reforma pelo governo e uma parte significativa da população logo bloqueou os esforços que pretendiam mudar o modelo econômico. Um grande número de empresas estatais estavam isentas do processo de privatização. Enquanto isso, em 1999, o PIB havia diminuído para menos de 40% do nível de 1991,[87] embora no final de 2006 ele se recuperasse ligeiramente acima de 100%.[88]

Salário médio mensal em cada divisão administrativa da Ucrânia. Os valores estão expressos em grívnias ucranianas (2016)

No início dos anos 2000, a economia apresentou um forte crescimento nas exportações de 5 para 10% ao ano, com a produção industrial crescendo mais de 10% ao ano, até voltar a ser fortemente afetado pela crise econômica de 2008-2009. O PIB de 2000 apresentou crescimento forte, devido às exportações, com índice de 6% - positivo pela primeira vez desde a independência; a produção industrial cresceu 12,9%. A economia continuou a expandir-se em 2001, com um crescimento real do PIB da ordem de 9% e aumento da produção industrial de mais de 14%. O desempenho favorável baseou-se na demanda interna alta e na crescente confiança do consumidor e do investidor. O crescimento econômico acelerado no período 2002-2004 foi, em grande medida, resultado de um pico de exportações de aço para a China.[89]

Em 2017, a CIA calculou o Produto interno bruto (PIB) da Ucrânia em 366,4 bilhões de dólares, sendo o 51º maior PIB do mundo. No mesmo ano, o PIB per capita foi de US$ 8 700, o 146º mais alto do mundo, enquanto seu PIB nominal foi estimado em 104 bilhões de dólares. Em julho de 2013, o salário nominal médio na Ucrânia atingiu 3,429 UAH por mês.[90] Apesar de ser inferior ao dos países vizinhos da Europa Central, o aumento da renda salarial em 2008 foi de 36,8%.[91] De acordo com o PNUD, em 2003, 4,9% da população ucraniana vivia com menos de US$ 2 por dia, e pelos dados da CIA, 24,1% da população vivia abaixo da linha de pobreza nacional em 2010.[92][93]

A Ucrânia produz quase todos os tipos de veículos de transporte e naves espaciais. Os aviões Antonov e KrAZ são exportados para muitos países. A maioria das exportações ucranianas é comercializada com a União Europeia e a Comunidade de Estados Independentes.[94] Desde a independência, a Ucrânia tem mantido a sua própria agência espacial, a Agência Espacial do Estado da Ucrânia (NSAU), por isso tornou-se um participante ativo na exploração científica do espaço sideral e missões de sensoriamento remoto. Entre 1991 e 2007, a Ucrânia lançou seis próprios satélites e 101 veículos de lançamento e continua a projetar sua própria nave espacial.[95] Até hoje, a Ucrânia é reconhecida como líder mundial na produção de mísseis e tecnologia relacionada a mísseis.[96][97]

Campos de trigo semeados na região de Kherson

agricultura é a maior base econômica do país, sendo um dos mais importantes países do mundo neste setor. Em 2018, o país era o maior produtor do mundo de semente de girassol (e também de óleo de girassol[98]), um dos 5 maiores produtores do mundo de milhobatatarepolhoabóboracenouraervilha e trigo-sarraceno, um dos 10 maiores produtores do mundo de trigosojacevadacolzacenteiobeterraba-sacarinapepinonoz e cereja, além de ter grandes produções de tomatecebolamaçã e uva, entre outros. [99] Na pecuária, em 2018, o país era o 5º maior produtor mundial de mel, um dos 20 maiores produtores mundiais de leite de vaca e um dos 25 maiores produtores mundiais de carne de frango, entre outros produtos. [100] As maiores exportações de produtos agropecuários processados do país em termos de valor, em 2019, foram: milho (U$ 4,7 bilhões), óleo de girassol (U$ 3,5 bilhões), trigo (U$ 3,1 bilhões), soja (U$ 1,2 bilhões), colza (U$ 1,1 bilhões), semente de girassol (U$ 1,0 bilhões), cigarros (U$ 0,6 bilhões), cevada (U$ 0,44 bilhões), carne de frango (U$ 0,4 bilhões), óleo de soja (U$ 0,2 bilhões), produtos feitos de chocolate (U$ 0,14 bilhões), óleo de canola (U$ 0,13 bilhões), produtos feitos com tabaco (U$ 0,12 bilhões), noz (U$ 0,11 bilhões), entre outros. [101]

A produção mineral da Ucrânia é bastante considerável. Em 2019, o país era um dos 10 maiores produtores do mundo de minério de ferro[102]manganês[103]titânio[104] e urânio.[105]

Já na produção industrial, o país não tem tanto destaque, mas ainda assim, possui um nível próximo ao do Chile ou do Peru. Em 2019, tinha a 59ª indústria mais valiosa do mundo (US $ 16,6 bilhões), de acordo com o Banco Mundial[106] Em 2005, a Ucrânia foi o sétimo maior produtor de aço do mundo. Em 2019, se mantinha entre os maiores do mundo, estando em 13º lugar.[107][108] A Ucrânia também tem uma grande produção de vinho: em 2018, foi o 19º maior produtor do mundo.[109] No setor de manufaturados, o país fabrica equipamentos metalúrgicos, locomotivas a diesel, tratores e automóveis. A Ucrânia possui uma enorme base industrial de alta tecnologia, inclusive grande parte das antigas indústrias soviéticas de eletrônicos, armamentos e artigos espaciais, embora estes setores sejam estatais e sofram com dificuldades na área de administração de negócios. Segundo estimativas, o PIB da Ucrânia totalizou US$ 81 bilhões (cálculo nominal) ou US$ 355 bilhões (PPC) em 2006.

Banco Mundial classifica a Ucrânia como um estado de renda média.[110] Os principais problemas incluem infraestrutura e transporte subdesenvolvido, corrupção e burocracia. Em 2007, o mercado de ações de títulos ucranianos registrou o segundo mais rápido crescimento no mundo, com um aumento de 130%.[111] De acordo com a CIA, em 2006, a capitalização de mercado do mercado de ações ucraniano era de 1 118 milhões de dólares. Entre os setores da economia ucraniana ainda crescente é o mercado de tecnologias de informação e comunicação, que em 2007 liderou o resto dos mercados dos países da Europa Central e Oriental, com um índice de cerca de 40% de crescimento.


Cidade Antiga de Queroneso e sua Chora, em Sebastopol, é Patrimônio Mundial da UNESCO e uma das Sete maravilhas da Ucrânia. Tornou-se um dos atrativos turísticos do país

De acordo com a classificação da Organização Mundial do Turismo, a Ucrânia ocupa o oitavo lugar na Europa em número de visitação de turistas. Em 2018, tinha sido o 30º país mais visitado do mundo, com 14,2 milhões de turistas internacionais, porém, com receitas turísticas consideradas baixas em comparação com outros países. [113] Todos os anos, milhões de turistas visitam a Ucrânia, principalmente da Rússia e Europa Oriental, bem como da Europa Ocidental e dos Estados Unidos. A estrutura do fluxo de tráfego é formada principalmente por visitantes que são cidadãos de países da Comunidade de Estados Independentes (11,9 milhões de pessoas; 63% do ingresso total), países da União Europeia (6,3 milhões de pessoas; 33% do total de visitantes), Estados Unidos e outros países (0,6 milhão pessoas; 4% do total de visitantes).[114]

Leópolis: Conjunto do Centro Histórico

Entre os principais atrativos turísticos do país estão as Sete maravilhas da Ucrânia, compostas por seus monumentos históricos e culturais. As sete maravilhas da Ucrânia foram escolhidos pelo público em geral através de votação na Internet. Até 1914, o turismo na Ucrânia não era generalizado. As primeiras tentativas de exploração do setor incluem a excursão estudantil de 1876 na Crimeia (liderada pelo professor da Universidade Novorossiysk, M. Golovinsky) e a jornada dos estudantes do ensino médio na Galiza na década de 1880.[114]

Além de Quieve e seu entorno, a República Autônoma da Crimeia é o maior destino de turistas no país. A região possui um comprimento da costa de cerca de 1 000 quilômetros, onde quase 800 estabelecimentos oficiais de turismo estão sediados. Em 2013, a Crimeia recebeu 5,9 milhões de turistas, incluindo cerca de 4 milhões oriundos de outras regiões da Ucrânia. O tempo médio de permanência em repouso foi de 7 dias, para o qual foi gasto, em média, 2 566 UAH por pessoa.

Infraestrutura

Trem em uma das linhas ferroviárias do país

A maior parte da infraestrutura é do tempo da União Soviética. A malha rodoviária engloba todas os centros mais populosos, mas é considerada de baixa qualidade para os padrões europeus.[115] No total, as estradas pavimentadas somam 164 732 quilômetros.[116]

transporte ferroviário conecta quase todas as áreas urbanas e transporta cargas. A maior concentração de ferrovias está na região de Donbass, no extremo leste ucraniano. Apesar disso, o valor da carga transportada por ferrovias caiu em 7,4% em 1995 em comparação com 1994. A Ucrânia continua sendo um dos países que mais usam a malha ferroviária tanto para o transporte de cargas quanto para o transporte de passageiros.[117] Existe um total de 22 473 quilômetros de ferrovias no país, sendo que destas, 9 250 km é eletrificado.[116]

Energia

O país importa grande parte dos suprimentos de energia, especialmente o petróleo e o gás natural, por isso depende em grande parte da Rússia como seu fornecedor de energia. Enquanto 25% do gás natural na Ucrânia vem de fontes domésticas, cerca de 35% provêm da Rússia e os 40% restantes da Ásia Central, através de rotas de trânsito que a Rússia controla. Ao mesmo tempo, 85% do gás russo é entregue à Europa Ocidental através da Ucrânia. O país vem tentando diversificar a sua matriz energética, como forma de diminuir sua dependência da Rússia neste setor, através da adoção de parcerias comerciais com outros países europeus. A Ucrânia é, contudo, autossuficiente em termos de produção elétrica, devido a usinas nucleares e hidrelétricas.[118]

A Ucrânia é um dos países europeus que mais consome energia, consome o dobro de energia consumida na Alemanha, por unidade do PIB.[119] Uma grande parte da energia produzida no país é por meio de usinas nucleares, e a Ucrânia recebe a maioria dos serviços e combustíveis nucleares da Rússia. O petróleo e o gás, são na maioria importados da Rússia. A Ucrânia é pesadamente dependente de sua energia nuclear. A maior usina nuclear na Europa, a Usina Nuclear de Zaporijia, é localizada na Ucrânia. Em 2006, o governo planejou construir novos reatores pelo ano 2030, em efeito, dobrando o atual valor de produção de energia.[120] Fontes de energia renováveis desempenham um papel muito modesto na produção elétrica. Em 2005, a produção energética foi cumprida pelas seguintes fontes: nuclear (47%), térmica (45%), hidrelétricas e outros (8%).[121]

Atualmente, o país possui quatro usinas nucleares ativas localizadas em VarashEnergodarYuzhnoukrainsk e Netyshin. Além desses em atividade, um quinto do complexo do reator foi planejado na Crimeia, mas a construção foi interrompida indefinidamente como resultado do desastre de Chernobil.

Educação

De acordo com a Constituição ucraniana, o acesso à educação gratuita é concedido a todos os cidadãos ucranianos. O ensino secundário geral completo é obrigatório nas escolas públicas, que constituem a esmagadora maioria. O ensino superior também é gratuito, nos estabelecimentos de ensino mantidos pelo governo. Há um pequeno número de escolas privadas e instituições de ensino superior de caráter privado.[122]

Por causa da ênfase na educação, oriunda da União Soviética e que continua compartilhada até hoje, a taxa de alfabetização é de aproximadamente 99,7% entre a população com idade acima dos quinze anos. Desde 2005, o programa de onze anos escolares foi substituído por um de doze anos de ensino. O ensino primário dura quatro anos (a partir de seis anos de idade), o ensino de base fundamental é composto por cinco anos, e o ensino médio possui três anos de duração. Após a conclusão do ensino médio, os estudantes passam por testes educacionais. Estes testes são depois utilizados para admissão nas universidades. Em 2010 o Ministério da Educação aboliu a transição espontânea para o sistema de ensino secundário de 12 anos, o que, de acordo com profissionais e jovens, inibe indiretamente o progresso do estado.[123]

O sistema de ensino superior ucraniano mantém inúmeras universidades. A organização do ensino superior na Ucrânia é construída sobre a estrutura global de países desenvolvidos, conforme definido pela UNESCO e pela ONU. As primeiras instituições de ensino superior (IES) surgiram na Ucrânia durante os séculos XVI e início do XVII. A primeira instituição de ensino superior da Ucrânia foi a Escola Ostrozka, ou Ostrozkiy greco-eslavo-Latin Collegium, similar às instituições de ensino superior da Europa Ocidental da época. Fundada em 1576 na cidade de Ostrog, o Collegium foi a primeira instituição de ensino superior nos territórios eslavos orientais. A universidade mais antiga foi a Universidade Nacional Academia Mohyla de Kiev, estabelecida pela primeira vez em 1632 e, em 1694, reconhecida oficialmente pelo governo da Rússia Imperial como uma instituição de ensino superior. Entre as mais antigas, está também a Universidade Lviv, fundada em 1661. As instituições de ensino mais prestigiadas foram criadas a partir do século XIX, sendo estas as universidades de Carcóvia (1805), Quieve (1834), Nacional de Odessa (1865) e Chernivtsi (1875), além de um notável número de instituições profissionais de ensino superior, como a Universidade Estadual Nizhyn Gogol (originalmente estabelecida como Ginásio de Ciências Superiores, em 1805), o Instituto de Veterinária (1873), o Instituto Politécnico (1885), em Carcóvia, e outro Politécnico em Quieve (1898) e uma Escola Superior de Mineração (1899) em Katerynoslav. Em 1946, em Quieve foi fundada Universidade Nacional de Kyiv do Comércio e Economia. Em 1988, uma série de instituições de ensino superior foi criada, elevando o número de instituições desse nível educacional para 146, com mais de 850 mil alunos matriculados.[124] A maioria das instituições de ensino superior estabelecidas depois de 1990 são pertencentes a organizações privadas.

Cultura

Literatura

A história da literatura ucraniana remonta ao século XI, após a cristianização da Rússia de Quieve.[125] Os escritos da época eram principalmente litúrgicos e estavam escritos na antiga língua eclesiástica eslava. Os contos históricos da época são conhecidos como "crônicas", a mais importante das quais é a Crônica de Nestor.[126] A atividade literária enfrentou um declínio súbito durante a Invasão mongol da Rússia.[125]

A literatura em ucraniano retomou o seu desenvolvimento no século XIV e avançou significativamente durante o XVI com a introdução da imprensa e com o início da era dos Cosacos, sob o domínio russo e polaco.[125] Os cossacos estabeleceram uma sociedade independente e popularizaram um novo tipo de poemas épicos, que marcaram um ponto alto na tradição oral da Ucrânia.[126] Nos séculos XVII e XVIII, esses avanços foram novamente interrompidos, quando a publicação na língua ucraniana foi banida. No entanto, no final do século XVIII, a literatura ucraniana novamente emergiu.[125]

No século XIX, um período vernáculo começou na Ucrânia, liderado pelo trabalho de Ivan KotliarevskyEneyida, a primeira publicação escrita em ucraniano moderno. Na década de 1830, começou a desenvolver-se o Romantismo, e foi quando surgiu a figura cultural mais importante da nação, o poeta-pintor romântico Tarás Shevchenko. Enquanto Ivan Kotliarevesky é considerado o pai da literatura em ucraniano, Tarás Shevchenko é tido como o pai de um ressurgimento nacional.[127] Mais tarde, em 1863, o uso de ucraniano em obras impressas foi efetivamente banido pelo czar Alexandre II da Rússia.[128] Esta atividade literária foi severamente diminuída na área e os escritores cujas obras eram escritas em ucraniano foram forçados a escrever seus relatos em russo ou a publicar suas obras na região da Galícia. A proibição nunca foi oficialmente anulada, mas tornou-se obsoleta após a revolução e com a ascensão dos bolcheviques ao poder.[126]

A literatura ucraniana continuou a prosperar nos primeiros anos sob o regime soviético, quando quase todas as tendências literárias foram aprovadas. Essas políticas enfrentaram uma parada na década de 1930, quando Stalin realizou sua política de realismo socialista. A doutrina não repressificou necessariamente o uso do ucraniano, mas fez com que os escritores seguissem um certo estilo em suas obras. As atividades literárias continuaram a ser um pouco limitadas pelo Partido Comunista até 1991, quando a Ucrânia ganhou sua independência, que os escritores foram livres para se expressar como desejariam.[125]

Artesanato

Pêssanka, um tradicional artesanato ucraniano

O artesanato da Ucrânia tem longa tradição e é de notável complexidade. Dos bordadosxilogravura, pintura de bonecas e de ovos típicos chamados pêssanka.

A cultura da Ucrânia é extremamente vasta. As artes e as tradições em maioria foram influenciados pelos países vizinhos criando assim uma grande diversidade.

Gastronomia

O "Kalash", ou pão de natal, é uma receita típica da culinária ucraniana.

Nos pratos ucranianos estão presentes o frango, a carne de vaca, a carne de porco e os cogumelos, bem como uma grande variedade de vegetais como batata e couve. Na cozinha tradicional estão incluídos a massa vareneki, a famosa sopa borsch, de beterraba, e o holopty, que folhas de repolho recheadas. As especialidades ucranianas são o Frango à Quieve e o bolo de Quieve.

As bebidas ucranianas são semelhantes em relação ao resto da Europa, destacando-se a horilka.

Esportes

A Ucrânia beneficiou-se de muitas das políticas soviéticas adotadas para o desporto, o que lhe deu um legado de centenas de estádios, piscinas, ginásios e muitas outras instalações esportivas.[129] O esporte mais popular do país é o futebol. A liga profissional é a Vyscha Liha, também conhecida como Campeonato Ucraniano de Futebol. As duas equipes mais bem-sucedidas da Vyscha Liha são o Futbolniy Klub Dynamo Kyiv e o Futbolniy Klub Shakhtar. O Dynamo Kyiv tem sido muito mais bem sucedido historicamente, ganhando duas Taça dos Clubes Vencedores de Taças, uma Supercopa da UEFA, um recorde de treze campeonatos do Campeonato Soviético de Futebol e um recorde de doze campeonatos da Primeira Liga ucraniana, enquanto o Shakhtar ganhou apenas quatro campeonatos ucranianos.[130]

Muitos ucranianos também estiveram na seleção de futebol nacional da União Soviética, em particular Igor Belánov e Oleg Blojín, vencedores da prestigiada Bola de Ouro de melhor jogador de futebol do ano. Este prêmio só foi dado a um ucraniano após o colapso da União Soviética, Andriy Shevchenko, ex-capitão da seleção ucraniana de futebol nacional. A seleção nacional de futebol da Ucrânia estreou na Copa do Mundo de Futebol de 2006 e chegou às quartas de final no evento. O boxe também é um esporte muito popular no país, onde os irmãos Vitali Klitschkó e Wladímir Klitschkó ganharam o Campeonato Mundial de pesos pesados.

O país fez sua estreia olímpica nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1994. Até agora, a Ucrânia teve mais sucesso nas Olimpíadas de Verão (96 medalhas em quatro aparições) do que nas Olimpíadas de Inverno (cinco medalhas em quatro aparições). Ao todo, ocupa o 25º lugar na tabela de medalhas dos Jogos Olímpicos, embora cada país acima, exceto a Rússia, tenha tido mais aparições nos jogos.[131]

Juntamente com a Polônia, a Ucrânia foi anfitriã da fase final da Eurocopa em 2012, a máxima competição de futebol entre seleções da Europa.[132] Foi o primeiro grande evento esportivo disputado na Ucrânia depois da sua independência. Quando fazia parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Quieve foi uma das subsedes do torneio de futebol nos Jogos Olímpicos de Verão de 1980, realizados em Moscou.

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