TRANSPORTES DO MUNDO TODO DE TODOS OS MODELOS: InbraFiltro: Pioneirismo Nacional na Blindagem Aeronáutica e Veicular com o Projeto Gladiador

04 novembro 2025

InbraFiltro: Pioneirismo Nacional na Blindagem Aeronáutica e Veicular com o Projeto Gladiador

 InbraFiltro: Pioneirismo Nacional na Blindagem Aeronáutica e Veicular com o Projeto Gladiador

A InbraFiltro é um marco da indústria de defesa e segurança brasileira. Fundada em 1979 como parte do Grupo InbraFiltro, a empresa consolidou-se como líder nacional na fabricação de materiais transparentes para aeronaves, única produtora de vidros balísticos do Brasil e maior blindadora de veículos do país. Com duas unidades industriais localizadas em Mauá (SP), a InbraFiltro não apenas atende ao mercado civil de blindagem automotiva — colaborando diretamente com montadoras que comercializam veículos blindados como “originais de fábrica” — como também investiu, ao longo das décadas, em projetos de veículos blindados leves de uso militar e policial, culminando no ambicioso desenvolvimento da família Gladiador.

Seu percurso ilustra não só o avanço tecnológico nacional em segurança balística, mas também os desafios enfrentados pela indústria de defesa brasileira ao tentar competir em cenários de alta exigência técnica, escassez de apoio institucional contínuo e concorrência internacional acirrada.


Origens e Especialização em Materiais Blindados

Desde sua fundação, a InbraFiltro dedicou-se à fabricação de componentes aeronáuticos e à produção de materiais de proteção balística, incluindo:

  • Vidros blindados para aeronaves, veículos e edifícios;
  • Tecidos balísticos (aramida, UHMWPE);
  • Colete à prova de balas e capacetes balísticos;
  • Serviços completos de blindagem veicular, desde carros de passeio até veículos táticos.

Sua capacidade técnica permitiu-lhe tornar-se fornecedor exclusivo da aviação brasileira em materiais transparentes blindados — um nicho altamente especializado que exige rigorosas certificações de segurança e desempenho.


O Primeiro Passo em Veículos Especiais: O Carro de Valores de 1994

Em 1994, a InbraFiltro participou do desenvolvimento do primeiro carro-forte brasileiro projetado sob as novas normas de segurança do Ministério da Justiça. O veículo, montado pela IPCM, utilizava uma estrutura inovadora composta por aço balístico e fibra de aramida, reduzindo o peso em 580 kg em comparação aos modelos convencionais da época. Apesar de os vidros ainda serem importados dos EUA, essa experiência consolidou a empresa como referência em soluções integradas de proteção balística.


O Salto para a Defesa: O Primeiro VBL (2002)

O marco mais ousado da trajetória da InbraFiltro veio em 2002, com o lançamento de seu primeiro veículo blindado leve (VBL) — um termo militar para plataformas táticas móveis e protegidas.

Desenvolvido a partir de um projeto de conclusão de curso de quatro alunos da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), o veículo foi inteiramente construído pela InbraFiltro com base no Land Rover Defender 130. Características técnicas:

  • Peso bruto: ~3,5 toneladas;
  • Carroceria monobloco totalmente blindada (sem chassi estrutural independente);
  • Proteção CBRN (química, biológica, radiológica e nuclear);
  • Capacidade ofensiva: projetado para montar desde metralhadoras até morteiros de 81 mm;
  • Desempenho off-road:
    • Vão livre de 50 cm;
    • Vau de 1,0 m;
    • Rampa de 65%;
    • Inclinação lateral de 30°.

O VBL foi exibido em eventos como o 1º Encontro Nacional de Logística Militar, o XXII Salão do Automóvel e a LAD 2003 (Latin America Defense), gerando grande interesse operacional. A empresa anunciou planos de expandir a família com versões 4×4 curta (baseada no Defender 100) e um modelo 6×6.

Contudo, o encerramento da produção do Land Rover no Brasil inviabilizou o uso contínuo dessa plataforma, forçando a InbraFiltro a repensar sua estratégia.


Reinvenção: O Novo VBL de 2009

Em 2009, na LAAD Defense & Security (antiga LAD), a empresa apresentou um VBL totalmente redesenhado, mais robusto e militarizado:

  • Peso bruto: 6,5 toneladas;
  • Capacidade: até 8 tripulantes;
  • Mecânica:
    • Motor MWM 4.8L turbodiesel (185 cv);
    • Transmissão automática;
    • Caixa de transferência com duas reduzidas;
    • Suspensão com 20 cm de curso;
    • Freios a disco com acionamento pneumático;
  • Chassi convencional, permitindo instalação de escudo antimina;
  • Sistema de segurança passiva: para-lamas e para-barros de fibra de vidro, projetados para se romperem em explosões, evitando o tombamento do veículo.

Essa versão aproximava-se mais dos veículos de combate modernos, com características superiores às de muitos blindados leves regionais.


O Projeto Gladiador: Busca por Viabilidade Operacional e Econômica

Diante dos altos custos do modelo de 2009, a InbraFiltro lançou em 2011 uma versão simplificada e nacionalizada: o Gladiador.

  • Peso bruto: 3,5 toneladas;
  • Mecânica nacional: baseada no jipe Agrale Marruá;
    • Motor diesel 2.5L (115 cv);
    • Câmbio manual de 5 marchas;
    • Tração 4×4 permanente;
  • Blindagem: carroceria monobloco em aço balístico;
  • Conforto operacional: ar-condicionado, freios a disco nas quatro rodas.

O Gladiador buscava equilibrar custo, desempenho e soberania tecnológica, utilizando componentes 100% brasileiros — uma vantagem estratégica em um contexto de crescente demanda por nacionalização no setor de defesa.


Gladiador II (2014): Aposta Máxima na Soberania Tecnológica

Em 2014, a InbraFiltro apresentou o Gladiador II, um salto qualitativo que buscava atender aos novos requisitos técnicos do Exército Brasileiro para a categoria VBMT-LR (Viatura Blindada Multitarefa Leve sobre Rodas), parte do programa de modernização da frota do Exército.

Características Técnicas do Gladiador II

  • Peso operacional: 9,2 toneladas;
  • Carga útil: 1.000 kg;
  • Capacidade: até 8 ocupantes;
  • Motor: MWM 4.8L (185 cv);
  • Transmissão: automática de 6 marchas com conversor de torque;
  • Suspensão: totalmente independente com molas helicoidais;
  • Freios: discos nas quatro rodas, duplos na dianteira, mais freio de estacionamento hidráulico na caixa de transferência;
  • Blindagem: aço balístico monobloco, compatível com múltiplos níveis de proteção (STANAG 4569 Nível 1 a 3, conforme configuração);
  • Modularidade: preparado para versões como:
    • Transporte de tropas;
    • Comando e controle;
    • Ambulância blindada;
    • Plataforma antitanque (com lança-mísseis);
    • Radar de campo de batalha.

Desempenho Tático

  • Vau: 0,80 m;
  • Inclinação lateral: 30°;
  • Rampa longitudinal: 60%;
  • Obstáculo vertical: 45 cm;
  • Ângulo de entrada: 64°;
  • Ângulo de saída: 67°.

Essas especificações colocavam o Gladiador II em pé de igualdade com plataformas internacionais de classe similar.


A Desclassificação na Concrrência do Exército (2014)

Apesar do avanço técnico, o Gladiador II foi o único veículo não aprovado na fase de pré-qualificação do concurso do Exército Brasileiro para a aquisição de 186 VBMT-LR, encerrada em outubro de 2014. As demais concorrentes incluíam:

  • Avibrás (em parceria com a Renault Trucks Defense, França);
  • BAE Systems (com o RG-31);
  • Iveco Defence (com o LMV);
  • AM General (com o M1117 ASV).

A desclassificação — embora não detalhada publicamente — levantou debates sobre os critérios de avaliação, a necessidade de testes padronizados e o papel do Estado em apoiar a indústria nacional de defesa.


Legado e Relevância Estratégica

Mesmo sem alcançar sucesso comercial em larga escala no setor militar, o projeto Gladiador representa um esforço notável de engenharia nacional. A InbraFiltro demonstrou capacidade de:

  • Desenvolver veículos blindados do zero;
  • Integrar mecânica, blindagem e eletrônica em uma única plataforma;
  • Inovar com soluções como estruturas monobloco, sistemas antimina passivos e modularidade operacional.

Além disso, sua atuação no mercado civil de blindagem — com certificações internacionais e parcerias com montadoras — sustenta sua posição como pilar da cadeia de segurança balística no Brasil.


Ficha Técnica – Gladiador II (2014)

Designação
Gladiador II (VBMT-LR)
Fabricante
InbraFiltro (Brasil)
Ano de lançamento
2014
Peso bruto total
9,2 t
Carga útil
1.000 kg
Tripulação
Até 8 ocupantes
Motor
MWM 4.8L turbodiesel, 185 cv
Transmissão
Automática de 6 marchas + conversor de torque
Tração
4×4
Suspensão
Totalmente independente, molas helicoidais
Freios
Discos nas 4 rodas (duplos dianteiros), freio de estacionamento hidráulico
Blindagem
Monobloco em aço balístico, níveis STANAG 1 a 3
Proteção antimina
Sim (com escudo inferior)
Vau
0,80 m
Inclinação lateral
30°
Rampa
60%
Obstáculo vertical
45 cm
Ângulo de entrada/saída
64° / 67°
Versões planejadas
Transporte, comando, ambulância, antitanque, radar

Conclusão

A InbraFiltro é muito mais do que uma empresa de blindagem: é um símbolo do potencial inovador da engenharia brasileira em segurança e defesa. Seu projeto Gladiador, especialmente a versão II, demonstrou que o Brasil tem capacidade de desenvolver veículos militares competitivos — desde que haja apoio institucional, critérios transparentes de aquisição e continuidade estratégica.

Embora o Gladiador II não tenha sido adotado pelo Exército, seu legado permanece como um marco de soberania tecnológica e um chamado para que o país invista com seriedade na sua base industrial de defesa nacional.


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INBRAFILTRO

Uma das cinco empresas do Grupo InbraFiltro, constituído em 1979 e dedicado à fabricação de componentes aeronáuticos e produtos blindados em geral (vidros, têxteis, coletes, capacetes), bem como à blindagem de veículos civis e militares. Dispondo de duas unidades industriais em Mauá (SP), é o único fornecedor brasileiro de materiais transparentes para aeronaves, único fabricante nacional a desenvolver vidros balísticos e a maior empresa blindadora de veículos do país, sendo mesmo contratada por diversas montadoras, que vendem os automóveis transformados como originais. Em 1994 a InbraFiltro participou do desenvolvimento do protótipo do primeiro carro para transporte de valores construído sob as novas normas de segurança do Ministério da Justiça, fornecendo o composto de aço e aramida para a sua carroceria (vidros ainda eram importados dos EUA). Montado pela IPCM, o veículo pesava 580 kg a menos do que os convencionais.
Em 2002 a empresa concluiu seu primeiro veículo completo, um VBL – Veículo Blindado Leve, segundo a terminologia militar. Se tratava de um 4×4, classe de 3,5 t, para operações militares ou policiais, construído segundo projeto de fim de curso de quatro alunos da FEI. O carro tinha carroceria monobloco totalmente blindada, e utilizava todos os órgãos mecânicos do Land RoverDefender 130: motor turbodiesel Maxion de 115 cv, caixa de cinco marchas, eixos rígidos, suspensão por molas helicoidais, freios a disco nas quatro rodas e direção hidráulica. Foi planejado para receber grande variedade de armamentos, desde metralhadoras até morteiros de 81 mm, tinha proteção adequada para guerra química, biológica ou radiológica. Segundo os projetistas, tinha excelente comportamento fora-de-estrada, com vão livre de 50 cm e capacidade de vencer vaus de 1,0 m, rampas de 65% e inclinações laterais de até 30%. O veículo foi exposto no 1º Encontro Nacional de Logística Militar (ainda como mock-up), no XXII Salão do Automóvel e na feira latino-americana de defesa LAD 2003, provocando grande interesse. Na ocasião, a InbraFiltro anunciou a intenção de desenvolver uma família de veículos, projetando um 4×4 com chassi curto, baseado no Defender 100, e um 6×6.
Com o encerramento da produção do Land Rover no Brasil, porém, a empresa foi obrigada a reconsiderar seus planos, inicialmente substituindo os órgãos mecânicos por outros ainda em fabricação, buscando idealmente customizar o veículo, preparando-o para receber elementos de origem diversa. Em 2009, na LAAD (nova denominação da feira de defesa), a InbraFiltro apresentou um protótipo de VBL totalmente novo, com mecânica diferente e algumas características mais atuais do que do modelo antigo, elevando-o a uma categoria mais próxima dos carros de combate. Com peso bruto de 6,5 t e capacidade para até oito tripulantes, era mais de 30 cm mais largo do que o anterior, apesar de ter quase 12 cm a menos no comprimento e 5 cm na altura. Tais proporções, aliadas às rodas de maior diâmetro e à suspensão com 20 cm de curso, davam ao carro excelente comportamento dinâmico. Tinha a seguinte composição mecânica: motor MWM de 4,8 l e 185 cv, transmissão automática, caixa de transferência com duas reduções, suspensão por braços longitudinais e transversais e molas helicoidais e freios a disco nas quatro rodas com acionamento pneumático. Ao contrário do VBL projetado pela FEI, este era montado sobre um chassi convencional, por isso podendo receber um escudo inferior de proteção contra minas terrestres. Como item adicional de segurança, tinha para-lamas dianteiros e para-barros traseiros de fibra de vidro, projetados para se romperem em caso de explosão de minas, evitando o tombamento da viatura.
O veículo foi reapresentado na LAAD 2011 com o nome Gladiador e características algo diversas: buscando otimizar custos, manteve o estilo do modelo anterior, porém resgatou o porte e o padrão mecânico da versão de 2002-03. Assim, simplificado, o projeto teve as dimensões reduzidas (PBT de 3,5 t) e passou a utilizar mecânica Agrale (chassi e órgãos mecânicos do jipe AgraleMarruá, com motor diesel de 2,5 l e 115 cv, câmbio manual de cinco marchas e reduzida), com tração 4×4 permanente, freios a disco nas quatro rodas e ar condicionado. O projeto conceitual da carroceria (monobloco em chapa de aço balístico) e os nível de proteção e blindagem foram preservados.
Nova versão foi preparada em 2014, atendendo aos requisitos básicos do Exército para a categoria, revistos no ano anterior. O desenho da carroceria foi totalmente modificado, embora mantendo a construção monobloco em aço balístico; de maior porte do que os modelos anteriores, o Gladiador II passou a pesar 9,2 t, com capacidade de carga de 1.000 kg e espaço para até oito pessoas. Foi equipado com motor MWM de 4,8 l e 185 cv (o mesmo da versão de 2009), câmbio automatico de seis marchas com conversor, tração 4×4, suspensão totalmente independente por molas helicoidais, freios a disco nas quatro rodas (duplos na dianteira), freio de estacionamento hidráulico a disco na saída da caixa de transferência e direção hidráulica. Preparado para receber diversos níveis de proteção balística e grande variedade de equipamentos e armamentos, o Gladiador II pode ser fornecido em variadas configurações: antitanque, lançador de mísseis, carro de comando, radar, ambulância e transporte de pessoal, entre outros. Seus atributos máximos para ação fora-de-estrada são: vau, 0,80m; inclinação lateral, 300; rampa, 600; obstáculo vertical, 45 cm; ângulo de entrada, 640; ângulo de saída, 670
Projetado para concorrer a uma próxima licitação, pelo Exército, para a aquisição de 186 unidades de um novo veículo leve de reconhecimento de construção nacional (VBMT-LR, ou viatura blindada multitarefa leve sobre rodas), processo também disputado por quatro outras empresas (a Avibrás, em conjunto com a francesa Renault VI, e as multinacionais BAE SystemsIveco e AM General), o Gladiador II foi o único não aprovado na fase de pré-qualificação, encerrada em outubro de 2014.
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