TRANSPORTES DO MUNDO TODO DE TODOS OS MODELOS: Veículo Blindado Ligeiro de Reconhecimento Panhard M-11: O Olho e o Punho do Exército Português

14 novembro 2025

Veículo Blindado Ligeiro de Reconhecimento Panhard M-11: O Olho e o Punho do Exército Português

 

Veículo Blindado Ligeiro de Reconhecimento Panhard M-11



Este veículo foi desenvolvido nos anos 80 pela França de modo a atender às exigências do exército francês em possuir um veículo ligeiro para reconhecimento e luta anti-tanque. Este veículo ligeiro é anfíbio, aerotransportável e possui protecção NBQ. 
Portugal adquiriu o primeiro no início da década de 90 (18 viaturas) foi atribuído ao ERec da BAI e ao ERec da BLI, e mais recentemente, no âmbito da missão nos Balcãs, foi recebido um segundo lote com torreta blindada para protecção do atirador. 
Os VBL são utilizados para reconhecimento e escolta (podendo ser armados com uma metralhadora pesada de 12,7mm ou um lança-granadas automático de 40mm), luta anti-tanque (com lançador simples de mísseis Milan), vigilância do campo de batalha (esta versão conta com o radar AN/PPS-5B), sendo, ainda, alguns usados veículos de comando.

Peso Máx.
3 toneladas
Armamento
Variável
Velocidade Máx.
95 km/h
Autonomia
600 km
Tripulação
3
Número de Unidades
38

Veículo Blindado Ligeiro de Reconhecimento Panhard M-11: O Olho e o Punho do Exército Português

O Veículo Blindado Ligeiro de Reconhecimento (VBL) Panhard M-11 é um dos símbolos mais emblemáticos da modernização das forças blindadas ligeiras em Portugal desde o final do século XX. Concebido originalmente pela França nos anos 1980, este veículo foi projetado para cumprir múltiplas funções em ambientes de combate altamente dinâmicos: reconhecimento tático, escolta, vigilância eletrônica, comando e até combate anti-tanque — tudo isso com uma combinação rara de mobilidade, leveza, proteção química e capacidade anfíbia. Em serviço no Exército Português desde o início dos anos 1990, o VBL M-11 consolidou-se como um pilar essencial nas operações de forças rápidas e em missões internacionais, como as realizadas nos Balcãs.


Origens e Desenvolvimento: A Resposta Francesa às Novas Ameaças

Nos anos pós-Guerra Fria, o Exército Francês buscava substituir veículos obsoletos como o Panhard AML por uma plataforma mais versátil, capaz de operar em cenários assimétricos e convencionais. A Panhard, empresa com longa tradição em veículos blindados leves, desenvolveu então o VBL (Véhicule Blindé Léger) — designado internamente como M-11 —, apresentado oficialmente em 1984.

O VBL foi concebido com três requisitos fundamentais:

  1. Aerotransportabilidade: capaz de ser transportado em aeronaves táticas como o C-130 Hercules;
  2. Capacidade anfíbia: podendo atravessar rios e lagos sem preparação adicional;
  3. Proteção NBQ (Nuclear, Biológica e Química): essencial para operações em ambientes contaminados.

Além disso, o veículo deveria ser rápido, silencioso, de baixa assinatura térmica e com alta autonomia, permitindo operações de longa duração em profundidade no território inimigo.

O sucesso do projeto foi imediato: o VBL entrou em serviço no Exército Francês em 1985 e foi exportado para mais de 20 países, incluindo Portugal, Arábia Saudita, Costa do Marfim, Omã, Sérvia e Ucrânia.


Características Técnicas do Panhard M-11

O VBL M-11 é um veículo de 4×4, com estrutura monobloco de aço blindado leve, capaz de resistir a estilhaços de artilharia e tiros de armas pequenas (até calibre 7,62 mm). Suas especificações operacionais refletem seu design ágil e multifuncional:

  • Peso máximo: 3 toneladas (em configuração padrão);
  • Comprimento: 3,8 m
  • Largura: 1,8 m
  • Altura: 1,9 m
  • Motor: Peugeot XD 3T, diesel de 95 cv
  • Velocidade máxima: 95 km/h em estrada
  • Autonomia: até 600 km
  • Capacidade anfíbia: até 6 km/h na água, com propulsão por rodas
  • Tripulação: 3 militares (condutor, comandante e atirador/operador)
  • Proteção: blindagem balística básica + sistema de sobrepressão NBQ

A versatilidade do armamento é uma das marcas do VBL. Dependendo da missão, pode ser equipado com:

  • Metralhadora pesada M2 Browning de 12,7 mm (versão de reconhecimento/escolta);
  • Lança-granadas automático Mk 19 ou HK GMG de 40 mm (suporte de fogo direto);
  • Lançador simples de mísseis MILAN (versão anti-tanque — embora obsoleta, foi usada em Portugal até os anos 2000);
  • Radar de vigilância AN/PPS-5B (versão de observação, capaz de detectar movimento até 10 km);
  • Configuração de comando: com rádios avançados, antenas e estações de planejamento tático.

O VBL no Exército Português

Portugal adquiriu seu primeiro lote de 18 veículos VBL M-11 no início da década de 1990, no contexto da modernização das forças ligeiras do pós-Guerra Fria. Esses veículos foram distribuídos entre duas unidades-chave:

  • Esquadrão de Reconhecimento (ERec) da Brigada Aerotransportada Independente (BAI)
  • Esquadrão de Reconhecimento (ERec) da Brigada Ligeira de Intervenção (BLI)

Essas unidades, especializadas em operações rápidas e de alta mobilidade, encontraram no VBL um meio ideal para reconhecimento avançado, patrulhamento e ligação entre unidades.

Reforço nos Balcãs e Modernização

Durante as missões de paz da NATO e da ONU nos Balcãs (especialmente em Bósnia e Kosovo, entre os anos 1990 e 2000), os VBL demonstraram grande eficácia em terrenos montanhosos e urbanos. No entanto, a exposição ao fogo de armas leves e estilhaços revelou a necessidade de maior proteção para a tripulação, especialmente para o atirador posicionado na torreta aberta.

Em resposta, Portugal adquiriu um segundo lote de veículos, já equipados com torretas blindadas leves, oferecendo proteção balística adicional ao atirador e melhor integração com sistemas de mira diurnos/noturnos. Essa versão melhorada permitiu que os VBL operassem com maior segurança em ambientes de alto risco.

Atualmente, o Exército Português possui 38 veículos VBL M-11 em diferentes configurações, distribuídos entre unidades de reconhecimento, forças especiais e escolas de blindados.


Operações e Emprego Tático

No campo de batalha, o VBL M-11 desempenha funções cruciais:

  • Reconhecimento ofensivo e defensivo: infiltrando-se em zonas inimigas para recolher informações;
  • Escolta de comboios logísticos: graças à sua mobilidade e armamento pesado;
  • Vigilância eletrônica: com o radar AN/PPS-5B, capaz de identificar movimento de infantaria ou veículos a longa distância;
  • Apoio anti-blindagem: embora o MILAN tenha sido desativado, o VBL pode ser adaptado para novos sistemas como o MMP (Missile Moyenne Portée), em estudos futuros;
  • Comando móvel: versões com estações de comunicação avançadas servem como postos de comando avançados.

Sua capacidade de ser lançado por paraquedas ou transportado em helicópteros pesados (como o CH-47 Chinook) o torna ideal para operações aerotransportadas e de resposta rápida, alinhando-se perfeitamente à doutrina das Forças de Reação Rápida do Exército Português.


Limitações e Futuro

Apesar de sua eficácia, o VBL M-11 enfrenta desafios:

  • Blindagem limitada: vulnerável a minas, IEDs e armas antitanque modernas;
  • Capacidade anti-blindagem defasada: o sistema MILAN foi substituído em muitos exércitos por mísseis guiados mais avançados;
  • Envelhecimento da frota: os veículos portugueses têm mais de 30 anos, exigindo manutenção constante.

Contudo, o Exército Português tem investido em modernizações pontuais, como:

  • Integração de sistemas de navegação GPS militarizados;
  • Atualização de rádios (SICRAL 2);
  • Instalação de suportes para metralhadoras remotamente operadas (em fase de teste).

Embora não haja ainda um programa oficial de substituição, o VBL M-11 deverá permanecer em serviço até pelo menos 2030, possivelmente em funções secundárias ou de treino, enquanto novas plataformas (como o VBMT-L Serval francês ou o Piranha V) são avaliadas para o futuro.


Conclusão

O Panhard M-11 VBL é muito mais do que um simples veículo de reconhecimento. É um símbolo da agilidade, adaptabilidade e profissionalismo das forças ligeiras portuguesas. Desde os campos de treino em Santa Margarida até as estradas congeladas do Kosovo, o VBL provou que, mesmo com apenas três toneladas, pode desempenhar um papel desproporcionalmente crítico no sucesso das operações militares.

Leve, resistente, versátil e profundamente integrado na doutrina operacional portuguesa, o VBL M-11 permanece como o olho silencioso e o punho rápido do Exército Português — um legado duradouro da engenharia militar francesa e da visão estratégica lusa.


Ficha Técnica — Panhard VBL M-11 (Exército Português)

Designação
Veículo Blindado Ligeiro (VBL) – Modelo M-11
Origem
França (Panhard, atual parte do grupo Arquus)
Entrada em serviço (PT)
1991 (1º lote); anos 2000 (2º lote com torreta blindada)
Número de unidades
38
Peso máximo
3 toneladas
Tripulação
3 (condutor, comandante, atirador/operador)
Motor
Peugeot XD 3T diesel, 95 cv
Velocidade máxima
95 km/h
Autonomia
600 km
Capacidade anfíbia
Sim (sem preparação)
Proteção
Blindagem balística + sistema NBQ (sobrepressão)
Armamento variável
- Metralhadora 12,7 mm M2
- Lança-granadas 40 mm
- Lançador MILAN (retirado)
- Radar AN/PPS-5B (vigilância)
- Torreta blindada (2º lote)
Aerotransportável
Sim (C-130, C-295, helicópteros pesados)
Unidades operacionais
ERec/BAI, ERec/BLI, Escola de Blindados

Palavras-chave: VBL M-11, Panhard, Veículo Blindado Ligeiro, Exército Português, reconhecimento militar, MILAN, AN/PPS-5B, BAI, BLI, defesa NBQ, veículo anfíbio, aerotransportável, blindado leve, missões nos Balcãs.

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