Veículo Blindado M113
Peso Máximo | 11 toneladas (M113 A1/A2) |
Armamento | Variável |
Velocidade Máximo | 60 km/h |
Autonomia | 480 km |
Tripulação | 2+11 (M113 A1/A2) |
Número de Unidades | 526 |
O M113 no Exército Português: A Coluna Vertebral da Brigada Mecanizada de Intervenção
Mundialmente reconhecido como um dos veículos blindados mais versáteis, duradouros e amplamente utilizados da história militar moderna, o M113 é muito mais do que um simples transporte de tropas — é um sistema de plataforma modular que, ao longo de mais de seis décadas, serviu em papéis tão diversos quanto comando, apoio de fogo, evacuação médica, defesa anti-aérea, engenharia de combate e até lançamento de mísseis anti-tanque. Produzido originalmente nos Estados Unidos a partir de 1960, o M113 foi adotado por mais de 50 países e fabricado em mais de 80.000 unidades, tornando-se um verdadeiro ícone da mobilidade blindada leve.
Em Portugal, o M113 desempenha um papel central na estrutura operacional do Exército Português, especialmente na Brigada Mecanizada de Intervenção (BMI). Com um inventário total de cerca de 526 viaturas, embora estima-se que apenas 300 a 350 estejam atualmente em condições operacionais, o M113 e suas variantes continuam a formar o núcleo da infantaria mecanizada nacional, testemunhando décadas de transformações doutrinárias, tecnológicas e geopolíticas.
Origens e Conceito do M113
Desenvolvido pela FMC Corporation (atual BAE Systems Land & Armaments), o M113 surgiu como resposta à necessidade da OTAN por um veículo blindado leve, anfíbio, aerotransportável e de baixo custo, capaz de substituir os obsoletos M59 e M75. Sua principal inovação foi o uso de alumínio soldado na estrutura, tornando-o mais leve que os blindados de aço da época, sem sacrificar excessivamente a proteção contra fogo leve e estilhaços.
Rapidamente, sua arquitetura simples, robusta e modular permitiu o desenvolvimento de dezenas de variantes especializadas, consolidando-o como a "navalha suíça" dos veículos blindados. Em operações como o Vietnã, Guerra do Golfo, Iraque, Afeganistão e inúmeros conflitos regionais, o M113 provou ser confiável, fácil de manter e altamente adaptável.
O M113 em Portugal: Uma História em Fases
A introdução do M113 no Exército Português ocorreu em três fases principais, refletindo as prioridades estratégicas da época:
- 1978: As primeiras unidades (modelo M113 A1) foram recebidas no contexto pós-revolução de 1974 e do fim das guerras coloniais, quando o Exército buscava modernizar sua capacidade de intervenção continental dentro da NATO.
- 1981: Entraram em serviço as primeiras unidades da versão de comando M577 A1, essenciais para a articulação tática em operações mecanizadas.
- 1996: Uma nova leva de veículos, agora na versão M113 A2, mais robusta e com melhorias em refrigeração, suspensão e proteção, foi incorporada, permitindo prolongar a vida útil da frota.
Esses veículos foram distribuídos principalmente à Brigada Mecanizada de Intervenção (BMI), unidade de prontidão elevada e força de reação rápida do Exército Português, baseada em Santa Margarida.
Variantes Operacionais no Exército Português
O Exército Português opera múltiplas versões especializadas do M113, cada uma adaptada a uma função tática específica:
1. M113 A1/A2 – Transporte de Tropas Básico
- Tripulação: 2 (motorista + comandante) + 11 soldados.
- Armamento: Metralhadora M2 Browning de 12,7 mm ou M60 de 7,62 mm na torre.
- Função: Mobilidade protegida para a infantaria mecanizada.
2. M106 A1/A2 – Porta-Morteiro de 107 mm
- Baseado no M113, com uma plataforma de disparo interna para o morteiro M30 de 107 mm.
- Capaz de disparar indiretamente com o veículo fechado.
- Atribuído a batalhões de infantaria mecanizada para apoio de fogo imediato.
- Armazenamento de até 88 granadas.
3. M125 A1 – Porta-Morteiro de 81 mm
- Versão mais leve, equipada com o morteiro M29 de 81 mm.
- Maior cadência de tiro e mobilidade tática em terrenos difíceis.
- Usado em unidades que requerem fogo rápido e flexível.
4. Lançador Simples de TOW
- Adaptação nacional (não padrão NATO), com um lançador externo de mísseis BGM-71 TOW montado no teto.
- O atirador opera exposto, diferentemente do M901 ITV.
- Capacidade anti-blindagem limitada, mas útil em cenários de defesa estática.
5. M577 A2 – Veículo de Comando
- Versão mais distintiva da frota portuguesa.
- Caracteriza-se por um teto sobrelevado (~30 cm mais alto), permitindo espaço interno para mapas, rádios e sistemas de C2 (Comando e Controle).
- Tripulação: 5 (comandante, oficial de operações, rádio-operadores, motorista).
- Armamento: Metralhadora de 7,62 mm.
- Autonomia: 560 km, superior à do M113 padrão graças a tanques auxiliares.
- Atribuição:
- Grupo de Carros de Combate (comando de esquadrão blindado).
- Batalhões de Infantaria Mecanizada (posto de comando móvel).
- Estado-Maior da BMI e outras unidades de apoio.
- O Exército possui cerca de 39 unidades do M577 A2, todas em uso ativo ou reserva operacional.
Características Técnicas Gerais (M113 A1/A2)
Operacionalidade Atual e Desafios
Apesar de sua longevidade, o M113 enfrenta limitações crescentes no ambiente de segurança contemporâneo:
- Blindagem insuficiente contra IEDs, minas e armas antitanque modernas.
- Falta de sistemas digitais de C4ISR (Comando, Controle, Comunicações, Computadores, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento).
- Desgaste da frota: muitos chassis ultrapassaram 40 anos de uso, com dificuldades de manutenção e falta de peças.
O Exército Português tem procurado mitigar esses problemas com:
- Programas de revisão e modernização pontual (ex: substituição de motores, atualização de sistemas elétricos).
- Uso seletivo em exercícios de baixa intensidade e treino.
- Planeamento de substituição gradual por veículos mais modernos (como o Pandur II e futuros programas de média blindagem).
Contudo, nenhuma plataforma substituiu integralmente o M113 até hoje, especialmente nas funções de morteiro e comando, onde sua adaptabilidade permanece insubstituível no orçamento atual.
Legado e Simbolismo
No Exército Português, o M113 é mais do que um veículo: é um símbolo da mecanização moderna, da capacidade de resposta rápida e da integração na Aliança Atlântica. Para gerações de militares, o som do motor Detroit e a silhueta alongada do M113 são sinônimos de prontidão, mobilidade e coesão tática.
Embora seu tempo como peça central da força terrestre esteja chegando ao fim, o M113 permanecerá na história como a espinha dorsal da BMI — uma plataforma que, mesmo limitada, permitiu que Portugal mantivesse uma força mecanizada crível, interoperável e eficaz por mais de quatro décadas.
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