TRANSPORTES DO MUNDO TODO DE TODOS OS MODELOS: O M113 no Exército Português: A Coluna Vertebral da Brigada Mecanizada de Intervenção

10 novembro 2025

O M113 no Exército Português: A Coluna Vertebral da Brigada Mecanizada de Intervenção

 

Veículo Blindado M113



Mundialmente famoso, a viatura blindada M113 equipa um enorme número de países fornecendo transporte de tropas blindado e capacidade polivalente para inúmeras missões, desde comando, defesa anti-aérea e transporte e apoio de fogo.
Portugal possui um total de cerca de 526 veículos, contudo calcula-se que apenas parte destes - entre 300 e 350 - estejam operacionais. Encontram-se ao serviço do exército português várias versões deste veículo, incluindo uma com lançador simples de Tow e duas versões porta-morteiro, o M106 (nos modelos A1 e A2) com morteiro de 107mm e o M125 (no modelo A1) com morteiro de 81mm. Estão atribuídas a várias unidades da BMI. As primeiras unidades foram recebidas em 1978 e mais recentemente em 1996 o exército recebeu veículos da versão A2.
Já a versão de comando, o M577foi desenvolvida para atender às necessidades de um veículo de comando. Na prática é um M113 com tecto sobrelevado e com maior capacidade para a instalação de um maior número de sistemas electrónicos. A sua tripulação de cinco homens conta com a protecção da blindagem do veículo e a sua mobilidade, estando a plataforma armada com uma metralhadora de 7,62mm e tendo uma autonomia de 560km. Entrou ao serviço do exército português em 1981, estando atribuída à BMI, na secção de comando do Grupo de Carros de Combate e dos Batalhões de Infantaria Mecanizada, para além de outras unidades da BMI. O exército possui cerca de 39 M577 A2.

Peso Máximo
11 toneladas (M113 A1/A2)
Armamento
Variável
Velocidade Máximo
60 km/h
Autonomia
480 km
Tripulação
2+11 (M113 A1/A2)
Número de Unidades
526

O M113 no Exército Português: A Coluna Vertebral da Brigada Mecanizada de Intervenção

Mundialmente reconhecido como um dos veículos blindados mais versáteis, duradouros e amplamente utilizados da história militar moderna, o M113 é muito mais do que um simples transporte de tropas — é um sistema de plataforma modular que, ao longo de mais de seis décadas, serviu em papéis tão diversos quanto comando, apoio de fogo, evacuação médica, defesa anti-aérea, engenharia de combate e até lançamento de mísseis anti-tanque. Produzido originalmente nos Estados Unidos a partir de 1960, o M113 foi adotado por mais de 50 países e fabricado em mais de 80.000 unidades, tornando-se um verdadeiro ícone da mobilidade blindada leve.

Em Portugal, o M113 desempenha um papel central na estrutura operacional do Exército Português, especialmente na Brigada Mecanizada de Intervenção (BMI). Com um inventário total de cerca de 526 viaturas, embora estima-se que apenas 300 a 350 estejam atualmente em condições operacionais, o M113 e suas variantes continuam a formar o núcleo da infantaria mecanizada nacional, testemunhando décadas de transformações doutrinárias, tecnológicas e geopolíticas.


Origens e Conceito do M113

Desenvolvido pela FMC Corporation (atual BAE Systems Land & Armaments), o M113 surgiu como resposta à necessidade da OTAN por um veículo blindado leve, anfíbio, aerotransportável e de baixo custo, capaz de substituir os obsoletos M59 e M75. Sua principal inovação foi o uso de alumínio soldado na estrutura, tornando-o mais leve que os blindados de aço da época, sem sacrificar excessivamente a proteção contra fogo leve e estilhaços.

Rapidamente, sua arquitetura simples, robusta e modular permitiu o desenvolvimento de dezenas de variantes especializadas, consolidando-o como a "navalha suíça" dos veículos blindados. Em operações como o Vietnã, Guerra do Golfo, Iraque, Afeganistão e inúmeros conflitos regionais, o M113 provou ser confiável, fácil de manter e altamente adaptável.


O M113 em Portugal: Uma História em Fases

A introdução do M113 no Exército Português ocorreu em três fases principais, refletindo as prioridades estratégicas da época:

  1. 1978: As primeiras unidades (modelo M113 A1) foram recebidas no contexto pós-revolução de 1974 e do fim das guerras coloniais, quando o Exército buscava modernizar sua capacidade de intervenção continental dentro da NATO.
  2. 1981: Entraram em serviço as primeiras unidades da versão de comando M577 A1, essenciais para a articulação tática em operações mecanizadas.
  3. 1996: Uma nova leva de veículos, agora na versão M113 A2, mais robusta e com melhorias em refrigeração, suspensão e proteção, foi incorporada, permitindo prolongar a vida útil da frota.

Esses veículos foram distribuídos principalmente à Brigada Mecanizada de Intervenção (BMI), unidade de prontidão elevada e força de reação rápida do Exército Português, baseada em Santa Margarida.


Variantes Operacionais no Exército Português

O Exército Português opera múltiplas versões especializadas do M113, cada uma adaptada a uma função tática específica:

1. M113 A1/A2 – Transporte de Tropas Básico

  • Tripulação: 2 (motorista + comandante) + 11 soldados.
  • Armamento: Metralhadora M2 Browning de 12,7 mm ou M60 de 7,62 mm na torre.
  • Função: Mobilidade protegida para a infantaria mecanizada.

2. M106 A1/A2 – Porta-Morteiro de 107 mm

  • Baseado no M113, com uma plataforma de disparo interna para o morteiro M30 de 107 mm.
  • Capaz de disparar indiretamente com o veículo fechado.
  • Atribuído a batalhões de infantaria mecanizada para apoio de fogo imediato.
  • Armazenamento de até 88 granadas.

3. M125 A1 – Porta-Morteiro de 81 mm

  • Versão mais leve, equipada com o morteiro M29 de 81 mm.
  • Maior cadência de tiro e mobilidade tática em terrenos difíceis.
  • Usado em unidades que requerem fogo rápido e flexível.

4. Lançador Simples de TOW

  • Adaptação nacional (não padrão NATO), com um lançador externo de mísseis BGM-71 TOW montado no teto.
  • O atirador opera exposto, diferentemente do M901 ITV.
  • Capacidade anti-blindagem limitada, mas útil em cenários de defesa estática.

5. M577 A2 – Veículo de Comando

  • Versão mais distintiva da frota portuguesa.
  • Caracteriza-se por um teto sobrelevado (~30 cm mais alto), permitindo espaço interno para mapas, rádios e sistemas de C2 (Comando e Controle).
  • Tripulação: 5 (comandante, oficial de operações, rádio-operadores, motorista).
  • Armamento: Metralhadora de 7,62 mm.
  • Autonomia: 560 km, superior à do M113 padrão graças a tanques auxiliares.
  • Atribuição:
    • Grupo de Carros de Combate (comando de esquadrão blindado).
    • Batalhões de Infantaria Mecanizada (posto de comando móvel).
    • Estado-Maior da BMI e outras unidades de apoio.
  • O Exército possui cerca de 39 unidades do M577 A2, todas em uso ativo ou reserva operacional.

Características Técnicas Gerais (M113 A1/A2)

Peso máximo
11 toneladas
Comprimento
4,86 m
Largura
2,69 m
Altura
2,5 m (M113) / 2,8 m (M577)
Motor
Velocidade máxima
60–67 km/h (dependendo da versão)
Autonomia
480 km (M113) / 560 km (M577)
Blindagem
Alumínio 38 mm (frente), 32 mm (laterais) — protege contra armas leves e estilhaços
Capacidade anfíbia
Sim — com mínima preparação (propulsão por esteiras)
Tripulação
2 + 11 (M113); 5 (M577)

Operacionalidade Atual e Desafios

Apesar de sua longevidade, o M113 enfrenta limitações crescentes no ambiente de segurança contemporâneo:

  • Blindagem insuficiente contra IEDs, minas e armas antitanque modernas.
  • Falta de sistemas digitais de C4ISR (Comando, Controle, Comunicações, Computadores, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento).
  • Desgaste da frota: muitos chassis ultrapassaram 40 anos de uso, com dificuldades de manutenção e falta de peças.

O Exército Português tem procurado mitigar esses problemas com:

  • Programas de revisão e modernização pontual (ex: substituição de motores, atualização de sistemas elétricos).
  • Uso seletivo em exercícios de baixa intensidade e treino.
  • Planeamento de substituição gradual por veículos mais modernos (como o Pandur II e futuros programas de média blindagem).

Contudo, nenhuma plataforma substituiu integralmente o M113 até hoje, especialmente nas funções de morteiro e comando, onde sua adaptabilidade permanece insubstituível no orçamento atual.


Legado e Simbolismo

No Exército Português, o M113 é mais do que um veículo: é um símbolo da mecanização moderna, da capacidade de resposta rápida e da integração na Aliança Atlântica. Para gerações de militares, o som do motor Detroit e a silhueta alongada do M113 são sinônimos de prontidão, mobilidade e coesão tática.

Embora seu tempo como peça central da força terrestre esteja chegando ao fim, o M113 permanecerá na história como a espinha dorsal da BMI — uma plataforma que, mesmo limitada, permitiu que Portugal mantivesse uma força mecanizada crível, interoperável e eficaz por mais de quatro décadas.


#M113
#ExércitoPortuguês
#BrigadaMecanizada
#BMI
#VeículoBlindado
#InfantariaMecanizada
#M577
#PortaMorteiro
#M106
#M125
#ForçasArmadasPortuguesas
#HistóriaMilitarPortuguesa
#DefesaNacional
#M113Portugal
#VeículoDeComando
#TOWPortugal
#BlindadosPortugueses
#MobilidadeTática
#ForçaTerrestre
#PatrimônioMilitarPortuguês

Nenhum comentário:

Postar um comentário