TRANSPORTES DO MUNDO TODO DE TODOS OS MODELOS: Veículo Blindado Ligeiro de Reconhecimento Cadillac Gage V-150

14 novembro 2025

Veículo Blindado Ligeiro de Reconhecimento Cadillac Gage V-150

 

Veículo Blindado Ligeiro de Reconhecimento Cadillac Gage V-150



O V-150 começou a ser produzido, pela Cadillac Gage, em 1964. É um blindado de tracção às quatro rodas, com capacidade anfíbia e blindagem ligeira. O comandante e condutor estão alojados na frente protegida da viatura, enquanto as tropas seguem na traseira, junto do compartimento com o motor. No caso da versão portuguesa, dotada com uma torre - armada com uma peça de 90m - esta parte da viatura está preenchida com a estrutura da mesma. O V-150 equipa vários países nomeadamente Malásia, Filipinas, Bolívia, Taiwan, Singapura, Venezuela e Arábia Saudita.
O exército português adquiriu algumas unidades no final década de 80 destinadas a missões de reconhecimento. Embora a Chaimite seja bastante similar a este, o V-150 é um veículo bastante mais moderno que a primeira. 
Os veículos estão atribuídos ao ERec da BAI e ao ERec da BLI. 
Nunca foram empregues operacionalmente em missões de paz, ao contrário das Chaimites que foram destacadas para a missão na Bósnia e, posteriormente, para a do Kosovo. 
Contudo, são apontadas algumas deficiências em relação ao V-150, nomeadamente a sua altura e blindagem que o tornam muito vulnerável, enquanto a torreta dificulta o seu transporte. Já quanto à sua peça, a tracção a quatro rodas, limita a estabilidade da viatura e a precisão do tiro. Está prevista a sua substituição por parte das novas viaturas (seis viaturas) blindadas 8x8, dotadas com uma peça de 105mm.

Peso Máx.
9 toneladas
Armamento
1 canhão de 90mm
1 metralhadora de 7,62mm
Velocidade Máx.
88 km/h
Autonomia
643 km
Tripulação
3+2
Número de Unidades
15

Veículo Blindado Ligeiro de Reconhecimento Cadillac Gage V-150 no Exército Português: Entre a Modernidade e as Limitações Operacionais

O Cadillac Gage V-150 é um veículo blindado de reconhecimento desenvolvido nos Estados Unidos durante a década de 1960, concebido como uma evolução direta do bem-sucedido V-100 Commando. Produzido pela Cadillac Gage Company a partir de 1964, o V-150 foi projetado para oferecer maior capacidade de fogo, proteção e mobilidade em comparação com seu antecessor, mantendo, contudo, a mesma filosofia de um blindado leve, ágil e versátil para operações de segurança interna, reconhecimento e apoio tático.

Em Portugal, o V-150 chegou no final da década de 1980, como parte de um esforço de modernização das forças de reconhecimento, especialmente tendo em vista o desempenho insuficiente da já envelhecida Chaimite — uma versão nacional do V-200. Apesar de tecnicamente mais avançado que a Chaimite, o V-150 nunca chegou a ser empregue em missões internacionais, permanecendo confinado ao território nacional e a exercícios de instrução.


Desenvolvimento e Características Técnicas

O V-150 foi concebido para operar em ambientes urbanos, rurais e tropicais, com destaque para sua capacidade anfíbia, tracção integral 4×4 e blindagem balística leve capaz de resistir a tiros de armas pequenas (até 7,62 mm) e estilhaços de artilharia leve. Seu casco monobloco é construído em aço soldado, com forma angulada para melhor deflexão de projéteis.

Na versão adquirida por Portugal, o V-150 foi equipado com uma torre de combate armada com um canhão de 90 mm — uma peça de fogo direto capaz de enfrentar veículos blindados leves e alvos estáticos a distâncias médias. Complementarmente, o veículo dispõe de uma metralhadora coaxial de 7,62 mm, operada pelo atirador.

A disposição interna é funcional: o condutor e o comandante ocupam a parte dianteira, protegida por blindagem reforçada, enquanto o compartimento traseiro normalmente destinado às tropas foi ocupado pela estrutura da torre e pelo sistema de recuo do canhão de 90 mm, limitando o espaço para passageiros. Assim, a tripulação efetiva do V-150 português é composta por 3 militares (condutor, comandante e atirador), podendo transportar mais 2 soldados em missões de reconhecimento expandido.

Outras características técnicas relevantes:

  • Peso máximo: 9 toneladas
  • Motor: Detroit Diesel 6V53T, 6 cilindros, turbo, 275 cv
  • Velocidade máxima: 88 km/h em estrada
  • Autonomia: até 643 km
  • Capacidade anfíbia: sim, com propulsão por rodas (sem preparação)
  • Tracção: 4×4 permanente, com diferencial autobloqueante
  • Suspensão: independentes com molas helicoidais

Emprego no Exército Português

Portugal adquiriu 15 unidades do V-150 no final dos anos 1980, todas na versão com canhão de 90 mm. Estas viaturas foram atribuídas a duas das unidades mais móveis e prontas do Exército:

  • Esquadrão de Reconhecimento da Brigada Aerotransportada Independente (ERec/BAI)
  • Esquadrão de Reconhecimento da Brigada Ligeira de Intervenção (ERec/BLI)

Essas unidades, especializadas em operações rápidas e de alta mobilidade, viam no V-150 um meio com maior poder de fogo que a Chaimite, ainda que com maior peso e menor agilidade tática.

Contudo, o V-150 nunca foi empregue em missões de paz — ao contrário da Chaimite, que participou nas operações da SFOR na Bósnia e da KFOR no Kosovo. Essa ausência de emprego operacional deve-se a múltiplos fatores, incluindo:

  • Falta de capacidade aerotransportável eficaz: o veículo é pesado demais para ser lançado por paraquedas e difícil de integrar em aeronaves táticas sem preparação logística extensa;
  • Vulnerabilidade em ambientes de combate moderno: sua blindagem leve e perfil alto o tornam um alvo fácil para armas antitanque e IEDs;
  • Limitações da torre: a estrutura volumosa dificulta o transporte em contentores e helicópteros, além de elevar o centro de gravidade, comprometendo a estabilidade.

Críticas e Limitações Táticas

Apesar de seu canhão de 90 mm conferir um poder de fogo notável para um blindado leve, o sistema apresenta sérias limitações:

  • A tracção 4×4, embora suficiente para terrenos médios, não oferece estabilidade suficiente para tiro preciso em movimento;
  • O recuo do canhão, combinado com o chassi leve, gera vibrações que afetam a cadência e a repetibilidade do tiro;
  • A torre não é estabilizada, obrigando a tripulação a parar o veículo para disparar com precisão — uma desvantagem crítica em combate móvel;
  • A altura elevada (cerca de 2,7 m) aumenta a assinatura visual e térmica, dificultando camuflagem em zonas de combate.

Além disso, o V-150 não possui proteção NBQ, o que o torna inadequado para operações em ambientes contaminados — uma deficiência grave face às exigências modernas de interoperabilidade com forças da NATO.


Futuro e Substituição

Diante dessas limitações e do envelhecimento da frota (com mais de 35 anos de serviço), o Exército Português já planeja a substituição dos V-150. Está prevista a aquisição de seis novas viaturas blindadas 8×8, equipadas com canhão de 105 mm e sistemas de proteção ativa, visão térmica, estabilização de armamento e integração C4I avançada.

Essas novas plataformas — provavelmente baseadas em modelos como o Piranha V, Dragão (em desenvolvimento nacional) ou Boxer — representarão um salto qualitativo na capacidade de reconhecimento pesado do Exército, combinando mobilidade estratégica, proteção, precisão de tiro e interoperabilidade com os aliados da NATO.

Até lá, os V-150 permanecem em serviço limitado, utilizados principalmente em exercícios de instrução e apoio à formação de novas tripulações de blindados.


Conclusão

O Cadillac Gage V-150 foi, em seu tempo, uma tentativa corajosa de equilibrar poder de fogo e mobilidade num único veículo blindado leve. No contexto português, representou um avanço técnico em relação à Chaimite, mas suas limitações estruturais e operacionais impediram seu emprego em cenários reais de crise.

Embora nunca tenha disparado um tiro em combate, o V-150 cumpriu um papel relevante na transição doutrinal do Exército Português das forças ligeiras dos anos 1980 para as unidades mecanizadas e digitais do século XXI. Seu legado reside menos nas operações que realizou — e mais nas lições que deixou sobre os limites da adaptação de veículos comerciais a funções de combate de alta intensidade.


Ficha Técnica — Cadillac Gage V-150 (Exército Português)

Designação
Veículo Blindado Ligeiro de Reconhecimento V-150
Origem
Estados Unidos (Cadillac Gage, atual Textron Marine & Land Systems)
Entrada em serviço (PT)
Final da década de 1980
Número de unidades
15
Peso máximo
9 toneladas
Tripulação
3 + 2 (condutor, comandante, atirador + 2 passageiros)
Motor
Detroit Diesel 6V53T, 275 cv
Velocidade máxima
88 km/h
Autonomia
643 km
Capacidade anfíbia
Sim (sem preparação)
Tracção
4×4 integral
Blindagem
Aço balístico leve (proteção contra 7,62 mm)
Proteção NBQ
Não
Armamento principal
Canhão de 90 mm
Armamento secundário
Metralhadora coaxial de 7,62 mm
Unidades operacionais
ERec/BAI e ERec/BLI
Emprego operacional
Nenhum (apenas instrução e exercícios)

Palavras-chave: Cadillac Gage V-150, Exército Português, veículo blindado, canhão de 90mm, reconhecimento blindado, BAI, BLI, Chaimite, blindado leve, substituição 8x8, Forças Armadas Portuguesas.

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